domingo, 31 de maio de 2009

Noites d'insônia



Horas de medo - Medo do amanhã

Escudo que me repele a sonolência

Permanece alerta a consciência

Sem sonhos, firme e sã.


Mas vem assombros, trevas e Satã

- Preces aos anjos e paciência!

Pra dormir crio resistência

Vigiar o leito é meu afã.


Apartai-vos de mim, monstros noturnos!

Fantasmas que me rodeiam, taciturnos

E querem roubar minha razão inteira.


O sono me é um delírio de horror

Como se eu visse, sob o cobertor,

A face insana de uma caveira!

sábado, 30 de maio de 2009

Como chamavam Júpiter




Júpiter e Juno, por Carraci, séc. XVI

Como chamavam Júpiter


Márcio!
Oh, grande Júpiter!
Abre tuas portas a Netuno!

Már_cio!
Teu mar satisfaz meu cio
Teu cio acarinha meu mar.

Márcio,
Deus_Pai do meu Olimpo!

Azul netuno dos meus olhos clama:
Oh, Márcio!

Amo-te!

Denise Severgnini


Imagem:

Júpiter e Juno, por Carraci, séc. XVI

AULÉTICO SER





Aulético Ser


Fauno...Pã...Silvano...
Frauta aterradora
Despudorado
Cobiçava ninfas,
-suas auléticas pernas_

De inferior casta,
Áulico não era...

Aulete de aulo em punho
Depunha medo e pânico inexplicáveis
Deus rebaixado das florestas
Almejava ser áugure...
Mera volição...
Nem auletriz possuía

Invídia, malefício dum ser...
Mata e não engorda o gado...
Apolo, reflexo de sua cobiça...

Com pífaro quebrado,
Nem ferreiro com seu aulo conserta
Então, áulico ser seu concerto tosco é finito!

Um aulido escuta-se na floresta...

Denise Severgnini



Imagem:



Dicionário:

ENTREVISTA COM O ESCRITOR KATATONIC, POR ROMMEL WERNECK



Carlos André Paes Bengaly Junior Rio de Janeiro – RJ. Pseudônimo: Katatonic
FORMAÇÃO ACADÊMICA E PROFISSIONAL:
Katatonic: Faço graduação em bacharelado em Física, cursando agora o sétimo período. Também sou formado em inglês pelo CCAA e dei algumas aulas particulares de Matemática e Física para o ensino médio.
O QUE VOCÊ MAIS ESCREVE?
Katatonic: Poesias, certamente. De vez em quando me arrisco na prosa, mas é bem raro.
E A PROSA?
Katatonic: Nada contra, mas eu não me sinto muito confiante para escrever nessa forma. Pode ser que isso mude, claro, mas por enquanto meus trabalhos em prosa são meramente experimentais (risos).
QUANDO VOCÊ COMEÇOU A PRODUÇÃO LITERÁRIA? QUAL FOI SEU PRIMEIRO CONTATO?
Katatonic: Minha produção literária começou somente aos 19 anos, até então nunca havia tido real interesse em escrever e muito pouco interesse em literatura de um modo geral. Meu primeiro contato com literatura de fato foi no ensino médio, lembro que gostei bastante de estudar o romantismo (especialmente a segunda geração) e o parnasianismo. Mas ficou nisso, só passei a procurar conhecer mais sobre literatura e os diferentes estilos/autores a partir dessa idade.
COM QUANTOS ANOS COMEÇOU A ESCREVER? HOUVE FASES LITERÁRIAS EM VOCÊ? FALE UM POUCO SOBRE SUA TRAJETÓRIA
Katatonic: Como disse, foi aos 19 anos mesmo. Meus poemas eram bem fracos na época, a maioria eram somente desabafos postos em forma de versos. Só passei a trabalhar mais a forma e conteúdo aos 20, a partir daí minha produção literária melhorou qualitativamente e também quantitativamente. Esses poemas já apresentam uma veia simbolista e gótica marcante, algo que mantenho até hoje em dia, mas meus poemas atuais abordam mais temas introspectivos e existenciais do que naquela época.
VOCÊ CONSEGUE VER ALGUMA RELAÇÃO ENTRE FÍSICA E LITERATURA?
Katatonic: Consigo sim. Ambas tentam descrever o universo em que vivemos, só adotam ponto de vista diferentes. A literatura adota um ponto de vista mais subjetivo e pessoal, enquanto a Física busca um mais impessoal e generalizado. Mas as duas me fascinam pela capacidade que tem em descrevê-lo, e por me fazerem entendê-lo melhor também.
QUAIS SÃO AS SUAS INFLUÊNCIAS LITERÁRIAS E NÃO-LITERÁRIAS?
Katatonic: Muitas. No campo literário, citaria Augusto Dos Anjos, Cruz e Souza, Álvares de Azevedo, Fernando Pessoa, Charles Baudelaire, Arthur Rimbaud, Verlaine, Edgar Allan Poe, H.P. Lovecraft. No não-literário, música, imagens, sonhos, sentimentos, pensamentos, idéias, fragrâncias... enfim, qualquer coisa que pode ser concebida pelos sentidos e a mente.
QUAIS SÃO OS SEUS PROJETOS?
Katatonic: Continuar a escrever e me aprimorar cada vez mais nessa arte.
O QUE VOCÊ PODE FALAR SOBRE O BLOG POESIA RETRÔ?
Katatonic: Digo que é uma ótima iniciativa, já que existem sempre pessoas interessadas e admiradoras de estilos mais clássicos, digamos, e aqueles que se dedicam a escrever assim por interesse pessoal, e o blog é uma boa chance de mostrar o trabalho que fazemos.
E QUAL O TEXTO QUE VOCÊ MAIS GOSTA? OU O Q VC ESTÁ CURTINDO NO MOMENTO? UMA VEZ Q NÓS ESCRITORES SOMOS MUITO CRÍTICOS E NÃO CONSEGUIMOS NOS DECIDIR....
Katatonic: Meu poema favorito é o soneto “Siamesas”, que considero também o melhor poema que escrevi até hoje. Também gosto muito do “Canção Vespertina”, “Astronomia”, “Dança de Shiva”, e dentre os mais atuais, o que eu mais curto são o “Enigma Eterno” e “Letras Silentes”.
E QUAL O ESTILO MUSICAL OU ARTÍSTICO QUE MAIS SE RELACIONA OU EQUIVALE A SEUS TEXTOS?
Katatonic: Gothic Rock, Doom Metal e Rock Progressivo, principalmente.
HÁ QUANTO TEMPO ESCREVE NO RL?
Katatonic: Desde fevereiro de 2008.
QUAIS ESCRITORES DO SITE VOCÊ INDICA?
Katatonic: Rommel Werneck, Camille Claudel, Karla Hack Dos Santos. R Duccini, O Daltônico, Poetagalegal, G. Rübinger.
QUAL TEXTO SEU VOCÊ INDICA?
Katatonic: Siamesas, Letras Silentes e Enigma Eterno.
EU, Rommel Werneck, indico este :
INCENSO
PANORAMA: Entrevista realizada via msn. O escritor possui uma forte retomada do Simbolismo e uma poesia com atmosfera onírica, vaga e introspectiva que nos conduzem a mil devaneios e a um plano literário de qualidade.
TEXTOS DO ENTREVISTADOR ROMMEL WERNECK http://recantodasletras.uol.com.br/autores/rommelwerneck
POESIA RETRÔ, A POESIA DE SEMPRE
TÓPICO DE ENTREVISTAS NO FÓRUM DO RECANTO DAS LETRAS
http://recantodasletras.uol.com.br/forum/index.php?topic=4713.30

Rommel Werneck

Meandros



Meandros

Constranger depreciativo
Nefelibata volita ao lusco-fusco

Nas entrelinhas, vocábulos
Aquietam - se...
Mudez mordaz
Ação falaz...
Virtualidade do tempo

Boca da noite, funcional
Deitou breu nas letras...

Rainha de copas
Alforriou o sorriso
No gato de Alice...

Tardio entardecer
Murano quebrado
Re_colado ... !!!???
Fotografia rasgada!

Pôr-do-sol derradeiro!
Ocaso caligráfico!
Crepúsculo prosaico!
Anoitecer funesto!

Epístolas jazentes...
Um epitáfio, apenas:
“Fratello” setentri_oriental :
Rosa dos Ventos oscula-te exonerada
Amplexos solares a ti ofertados

Feneceu astro-rei...”Rest in peace”!
Renascerá em outra eternidade!

Denise Severgnini


Imagem:
Pôr-do-Sol em Lomba Grande
Foto de Moisés Braun

Galáxia




Um círculo de nuvens que se espalha
No plano vertical da minha mente
Começa a construção da fria malha
Vestindo-me de angústia descendente.

Vestindo-me de angústia descendente,
O véu da minha vida forma a pele
Da rede de nervuras que já sente
As dores que este mundo me transfere.

As dores que este mundo me transfere
Agrupam-se na linha do horizonte
Que imerge no oceano duma espera
Fazendo de minha alma a sua fonte.

Fazendo de minha alma a sua fonte,
Floresce uma tristeza parasita
Nas rugas que deformam minha fronte
Em curvas de agonia circunscrita;

Em curvas de agonia circunscrita
Desenham-se as estradas da existência
Que guiam meu caminho pra infinita
Galáxia da profunda sonolência.



13/7/08


imagem:
Andrômeda - M31. Galáxia espiral distante cerca de 2,2 milhões de anos-luz, vizinha da nossa Galáxia.

sexta-feira, 29 de maio de 2009

SONETO


Mona Lisa Da Vinci



És diferente desses bons mortais,
Tua tez leve, lânguida e azul brilha....
Ah! Cândida e serena maravilha,
Semblante de feições mui especiais...


Tu tens algo que nunca vi em alguém
Teus olhos me conduzem a mil sonhos
Tua boca e o sorriso tão risonhos,
Qualidades que sempre se mantêm...


Por teres adorável luz e encanto,
Terás a mais perfeita trajetória.
Por seres o anjo lindo, puro e santo,


Com o amor, jamais tu terás conflito!
As estrelas darão divina glória,
Pois brilharás um dia no Infinito!


Rommel Werneck



O soneto acima com o quadro de Da Vinci e no vídeo clipe: http://www.youtube.com/watch?v=V3q_TJ9jeEw


BECO DOS POETAS:
www.literaturaperiferica.ning.com

Queres ser um divulgador da poesia retrô? Copie o texto na tabela VELHARIA EM DESTAQUE no fim deste blog.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

ENQUETES/ MARCADORES

Saudações a todos!

COMUNICADOS


Temos duas enquetes e gostaria que todos participassem tanto leitores como escritores. Quem deseja propor alguma deve me mandar a proposta para o meu e-mail mais acessado


A partir de agora utilizaremos marcadores em todas as postagens, peço a todos os escritores que editam marcadores para as suas postagens. Trabalharemos inicialmente com pouquíssimos marcadores, apenas o necessário para distinguir os materiais publicados. Julgo que em letras maiúsculas ficam melhores os marcadores e peço também sugestões e a colaboração de todos. Os escritores devem adicionar os marcadores em: forma do texto ( POEMAS, COMUNICADOS, ENTREVISTAS, INDRISOS, POEMAS, REDAÇÃO POESIA RETRÔ E SONETOS) e autoria ( NOME DO AUTOR)
Pensei nos seguintes marcadores:

BRENO FILTH
CAMILLE CLAUDEL (GEOVANA)
COMUNICADOS

DÉIA TUAM
DENISE SEVERGNINI
ENTREVISTAS
GABRIEL RÜBINGER
INDRISOS

KATATONIC
ME MORTE
PEDRO GABRIEL(PG)
POEMAS
REDAÇÃO POESIA RETRÔ- para a oficina, exercícios, texto com características da poesia retrô etc (se alguém tiver nome melhor, aceito)


ROMMEL WERNECK
SONETOS

Tendo um novo escritor, teremos um novo marcador. Ainda este ajuste está em construção, logo nosso blog estará mais bem arquivado, o que representa para nós mais uma conquista.

ÚLTIMO ADEUS




A lápide contrita e vagarosa,
Que cruza o mar errante que em mim brota,
Torce-me o peito qual velha gaivota
Que voa sem destino, sinuosa.

A frágil languidez da argêntea gota
Que verte em minha face pesarosa,
Toma em si a forma branca de uma rosa
No seio de uma angélica garota.

No tronco de meu corpo nascem lagos
Profundos e infindos por afagos
Que hoje me mergulham em tristeza.

Choro à tão sepulcral ventura vinda
Por despedir-me de uma moça linda
Que então dará à terra sua beleza.

Sentindo a morte de perto






Sentindo a morte de perto

Há um beijo que não dei, mas já é tarde
O destinatário partiu faz muito tempo...
Há aquela flor que não reguei... Sem alarde,
Dou-lhe a líquida fonte de vida... Contratempo
Há em mim, aquela dor que não cultivei...
Há no firmamento, A Força Maior,
Que agnóstica, inconsiderada, quase eu repudiei...
Visita-me espectro das sombras... De amor,
Busco roupagem... A disfarçar as mazelas que experimento
De passagem marcada à estação terminal... Repenso!
Escrevo ,eu trabalho, leio estudo,... Pra quê?...Nem minto!
Há ainda lavrado em meu peito aquele verso denso...
Não exaurido, nem sentenciado... Que sem querer eu sinto!
Tenho tempo... Dou-me o tempo... Apesar do desalento
Andejo de mãos dadas com o Criador... Sobrevivendo!
Meu jazigo aguarda-me, mas não agora!Entendendo,
Que há a expectativa do mal, mas a finalização do bem
Vou indo... Escrevendo... Chorando... Com ELE... Até o além!

Denise Severgnini



Costurando meu arremate






Costurando meu arremate

Tempo voeja,
Entranhas em ebulição clamam liberdade
Astrológico ser impetra-me um fadário
De passagem, apanho a bagagem...

Não sei se ainda é tarde, ou se a manhã é morna
Lacrimeja a boca da noite, abluída em sangue posterior
Lápide marmórea e alva aguarda-me...
Senhora das trevas amadrinha-me... Batismo derradeiro!

Visão sem luz!
Em outras searas,
___reconciliar-me-ei com minhas letras!

Presentemente é tarde!
Van Gogh vem dizer-me:_ Starry night!


Denise Severgnini


Tarde De Maio




A tarde revestida em doces ventos
Soprados pelo oeste dos pesares
Já trouxe pra minha alma os sedimentos
Da angústia transformada em sete mares;

A langue solitude que se instaura
Nas portas do meu ser desintegrante
Desenha o desalento da minha aura
Em folhas sepulcrais de meu semblante;

Penumbram rubros sóis em minha veia
Num arco eclipsante de lembranças
E um ventre de luar que serpenteia
Estrelas funerais em suas danças;

No éter que fermenta a minha essência
E forma a astronomia do meu sono
O corpo já se imerge à decadência
Do ser em mil camadas de carbono.


Carlos André, 9/5/08

terça-feira, 26 de maio de 2009

ANJO PÁLIDO


Title: Solitary Angel, by Sulamith Wulfing. http://www.artsycraftsy.com/wulfing/solitary_angel.html


Oh! Lindo anjo deitado sobre a neve
Como teu corpo fraco e macilento
E tua boca pura, santa e leve
Excitam-me causando bom tormento!


Os tons frios da pele pura e pálida...
Os olhos: dois sublimes cemitérios...
A boca, a boca: Arcádia rubra e cálida!
Quero-vos, lábios ígneos, maus e etéreos


Ó nimbus, ó dragão, ó Nosferatu,
Ó mago, ó lacrimal anjo caído,
Ó humano, ó cavaleiro, ó cândida arte,


Ó Zeus, ó mártir, ó nimbus perdido,
Ó gárgula, ó meu nimbus inexato,
Quero amar- te, beijar-te e exorcismar-te!




GRUPO RASCUNHOS POÉTICOS http://rascunhospoeticos.blogspot.com/.


BLOG POESIA RETRÔ, A POESIA DE SEMPRE

http://poesiaretroapoesiadesempre.blogspot.com/

segunda-feira, 25 de maio de 2009





A Poetisa Fenecida

Expirado o momento d’inspiração
Carnífice martírio de letras soltas
Mal diagramadas numa expiação
Em plúmbeo veludo, já envoltas
Traçam ritos da vate tão exaurida
Harpejam fúnebres árias... Riem
Do seu não ser expresso em vida
Letras malfadadas sobrevivem...

Poetisa serpenteia na soturnidade
Diáfanas vestes encobrem a agonia
Sem sua lira, não há prosperidade
Nem como poder falar de idolatria
Epopéias do desencanto desfraldam
Bandeiras que sacolejam escuridão
Perecidas almas a ela circunavegam
Impingindo um tanto de aliviação...

Não há conforto na palavra oblíqua
Um ego sorumbático nada produz
Nem mesmo um cura a ele se adéqua
Pois ela não se ajoelha ante uma cruz
Sucumbiram quimeras, versos alados
Desalento unânime na incerta essência
Tranquiliza na lápide, ossos cansados
Como epitáfio: Poetisa por excelência!


Denise Severgnini

Poesia Morta



Ah, tempos sombrios, estes que vivi!

E foram neles que minh'alma foi lapidada

Embora fosse tão triste e amargurada

Os tempos sombrios jamais esqueci.


E tudo passou... No entanto, um dom eu perdi:

Minh'alma não anda mais sempre inspirada

Como fora outrora com sua poesia desolada

E em belo verso melancólico nunca mais escrevi.


Não era isto o que eu queria, oh desgosto e maldição!

Imploro a Álvares de Azevedo que ponha no coração

A antiga beleza que agora estrago numa linha torta.


Dor estranha do que do meu peito se apodera

Seria eu mais feliz se ao menos tivera

Guardado as cinzas de minha poesia morta...

Prima Nocte



Sandro Botticelli, Minerva e o Centauro, c1482. Autor: 1445-1510 [Florença,~] obra: c1482 têmpera sobre tela, 207*148cm, Florença, Uffizi.
_____________________________________________

PARA A OFICINA DE POESIA RETRÔ
Proposta por Rommel Werneck
TEXTO: Prima Nocte (Soneto)
TENDÊNCIA: Classicismo/Renascentismo
(Referência a Mitologias e Português Arcaico)

"Déia, queria um soneto sobre o erotismo masculino,
Mas seria legal se fosse num clima retrô,
Coisas antigas, mitologia clássica etc
"
Enviado por Rommel Werneck em 20/05/2009 23:33
_____________________________________________

PRIMA NOCTE

Bela Constância! Encontrar-te, reluzente...
Tomai banquete que co vossos olhos condiz!
Animal chucro. Hei de fazer-vos tão feliz!
Eis o meu corpo, centauro frágil, vil, demente,

Rezando a Ishtar, Hator e Afrodite,
Que me tornem favorito, Imperatriz!
Vosso sussurro - Minha maior força-motriz.
Sonhai pra nós tudo o que o Amor permite!

Mas Esperança - minha oferenda aflita
Co hedonismo d'um profundo Sibarita,
Minha Diana Caçadora, teu devoto!

Se necessário eu me perder, buscar no Hades,
Minha Perséfone! Entre os mortos, meus confrades,
Rouco, gemendo o vosso Nome, eu me derroto!
_____________________________________________

* Centauro: Na Mitologia Grega, eram seres, abaixo do abdome,
com corpo de cavalo. Tinham tendência agressiva,
embora o mais famoso fosse Quíron, centauro erudito
que fora mentor do herói Héracles.
* Ishtar: Deusa babilônica do Amor e da Fertilidade.
* Hator: Deusa egípcia do Amor, do vinho e da Alegria.
* Afrodite: Deusa grega do Amor e da Beleza.
* Sibarita: cidadão nascido na antiga cidade italiana de Síbaris,
destruída em 510a.C. Seus habitantes ficaram famosos
pela indolência e pela busca de prazeres.
* Diana Caçadora: Deusa romana da Lua, caçadora infatigável, eternamente casta.
* Hades: Na Mitologia Grega, era tanto o nome do deus que governava como o subterrâneo, habitado pelos mortos.
* Perséfone: Filha dos deuses gregos Zeus e Deméter, dotada de grande beleza, desde cedo foi desejada pelo deus Hades, que a pediu em casamento ao seu irmão Zeus e, mais tarde, a raptou para seu reino, tornando-a sua rainha.

Modernidade




Um sol abandonado em longa altura
Prossegue o seu cadente movimento
Além de arranha-céus e do cimento
Que são nossa celeste arquitetura;

Ao longo dessas ruas tão escuras
Cobertas de sujeira e desalento,
Só resta a languidez do movimento
De brisas no metal das estruturas.

O mar acinzentado das paisagens
Formado por pessoas e engrenagens
Fluindo em sua urbana arritmia,

É o rosto desta vida tão estéril
Que leva todo ser pro cemitério
Das rodas funcionais do dia-a-dia.

domingo, 24 de maio de 2009

O beijo que não te dei




O beijo que não te dei



Sibilante, viperina oferenda

Cáustica emenda

Sem aceitação!


Judas a Jesus perpetrou oblação.

Em nossa contenda,

Ignorei-te osculação!


Denise Severgnini

Ósculo Ausente




Ósculo Ausente

Nas cortinas do tempo, bordei minhas quimeras
Templário de sonhos, foste tu, que arquitetei
Observei-te ao longe, já de outras e outras eras
Sorvendo as essências daquele beijo que não dei

Na medievalidade da existência, enclausurei-me
Nos antros de fantasmais e impenetráveis castelos
Oh, Deus!Como não afoitei do cavaleiro achegar-me?
Hodierno estado, são as acabrunhas dos meus anelos!

Símplice plantinha, na estrada, observei tua passagem
E preservei no âmago do meu ser, tua figura heróica
Beijei-te, em filigranas de sonhos, mas sem coragem
Nunca proferi sequer eu te amo, na paisagem bucólica...

Bailaram as sazões, os meses, os anos... Novas estações
Maquiei-me de rugas, encaneceram as minhas melenas
Anego ainda em meu ser ósculo ausente... Tantas ilusões
Rascunhei uma biografia em sonhos!Esperei como Helenas!


Finada em Vida





Finada em Vida


Ontem, havia amor, deleite, sedução

Em ósculos e amplexos magistrais

Maviosa voz cantilenava aleivosias

Meu ser romanesco fido, em ti, cria


Querubim noturno que voejou...

Imersa em sangüíneas sombras,

Aparto níveas asas. Maculam-se!

Muito resta de tuas garras em mim.


No apocalipse, em que me sobrevenho,

Anoiteço ante a fúria dos cavaleiros!

Meu tempo findado. Sou sombra sem luz!


Vislumbro siluetas indecifráveis

Flagelos em degredo eternal...

Insignificância, eu sou!Abantesma!


Sanguínea!Há escarlate nas mãos,

Angústia no cerne... Indícios de repúdio!


Hoje... Gosto nebuloso, trevas em atração

Tímpanos atentos a entristecidos sons

Carregam graça na fúnebre aparência...


Sombria, na nuviosa paisagem enaltecida

Solitude do meu imo compungido...

Corvos, prefeita companhia entristecida!


Denise Severgnini


A ESPADA E A CRUZ








A ESPADA E A CRUZ



Sal vertido na senda de Santa Luzia

Imolou meu espectro sem lucidez

Vassala de ti, eu ajoelhei sem rezar...



Suserano de mim, lançaste tu, a adaga

Ruíram nossos castelos... Tergiversei!

Cruzado peregrino,aguilhoaste viagem...



Oscilei... lamúrias de sangue lancei

Exorei perdão ante a cruz da morte

Inumei a espada no azado afeto!



Denise Severgnini

http://http://gotycfriend.zip.net/images/gotica1.jpg

ÁLGIDO PANORAMA


ÁLGIDO PANORAMA

O alabastro é friagem


Como gélida é a imagem


A compor a paisagem


Retratada na visão


Seres fétidos povoam


As vizinhanças do burgo_(ser)


Que arriscam insurgir da lápide truanesca


Se a extenuação é certa


E a veracidade é cruciante


Faço um giro de 180º na grua


E peço valhacouto na praia erma


Enregelado clima transparece na existência afável


Que enfastia... Intrinco meus nortes


Abrolho adeus as tuas bestiais preces


Volito para outras esferas à expectativa do fenecimento!




Denise Severgnini

ALMAS NEGRAS






ALMAS NEGRAS





Almas negras, errantes de subterfúgios;

Migrantes noturnos da miséria humana

Procuras constantes, recônditos refúgios;

Odor fétido que do andamento emana





Torturas resultantes, levantes profundos...

Das almas negras, enlutadas no ódio...

Em todas as terras, em todos os mundos...

São as primeiras a ascender ao pódio.





Códigos e regras a elas não se aplicam

As desgraças da vida, nelas nada implicam...

Até as expiações densas delas se ausentam.





Almas negras, dejetos de um orbe poluído;

Carcaças e destroços de um tempo destruído;

Resquícios de maldade que na Terra habitam.





Denise Severgnini





Obs: Soneto Denisiano (licença poética rsrsrs)...sem métrica, sem ritmos, apenas com rimas...

brincadeirinha! É um poema com 14 versos, dispostos em 4,4,3, 3.

http://http://arcanjo_rafael.zip.net/images/CAVALEIRO_DAS_TREVAS.JPG

sábado, 23 de maio de 2009

Albrecht Dürer






Albrecht Dürer



Agnes Frey, dama imposta ao paladino

Logrou infeliz consórcio... Trafegou

Bendita ítalo clima, delineou seu destino

Regozijou-se na Germânia, onde ousou

Esculpiu em cobre, pintou... xilogravura

Cenas místicas, Madonas, seres satíricos

Hegemonizou perspectiva e proporção na pintura

Transcendeu na inventividade com seus épicos





De aparência etérea, foi magistral na arte

Um arquiteto perfeito, além do seu tempo

Renascimento, alento fecundo em sua vid’arte

Ensimesmado por enfermidade e contratempo

Retornou a Deus como todo gênio que parte





Denise Severgnini

http://i177.photobucket.com/albums/w239/lptol/Albrecht_Durer.jpg

Trevas



Trevas



Soturnezes assolantes proliferam em certos imos

Ausentam-se os fanais do apropriado discernimento

Cadavéricas configurações ofertam seus préstimos

Promovendo hordas insofismáveis de desentendimento


Adentra-se ao sepulcro, vociferam verdugos Lucíferes

Sorumbáticas teses elevam-se às mentes psicopatas

Cadaverizam estações, hiperbolizam suaves éteres

Egressão faz-se nula! Biografias fenecem obstupefatas.


Soturnos véus embaçam o olhar, quando desprevenido

Tenência! Satanás alvitra ternas seleções ao incauto

Valhacouto!Prudência!São os vocábulos ao entendido

É de maior valimento feijão com arroz a banquete lauto



Denise Severgnini
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JÓIA



O vaso de alabastro e de oferendas
Dedicado ao supremo deus Sol: Febo...
''Eu te dediquei mil flores e prendas,
Pálido virgem, lânguido mancebo! ''

Augusta forma, fino vaso helênico,
Obra de arte perfeita e tão brilhante...
'' O teu corpo expressivo, belo e cênico
Brilha perfeitamente, casto amante! ''

O vaso pagão, jóia das grandezas,
Do qual o povo longínquo se serviu,
Louvado é por museus priscos, tristonhos....

'' Mas teu corpo que nunca se sentiu,
Ícone da pureza das purezas,
Só por mim é adorado em doces sonhos! ''


Rommel Werneck



Minha página no recanto das letras



Abaixo o soneto e a imagem do Discóbolo de Míron ao fundo que alías também foi a parte da primeira postagem do blog. Há também uma versão no orkut do soneto e no fundo o auto-retrato de Albrecht Dürer, capa oficial de nosso blog.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Suicidal Dream



Sonho de morte, o que tenho agora:
Desejo provar um veneno de amargo sabor
Que espalhe pelo corpo um suave torpor
E leve toda minha vida embora.

Sonho de morte, consuma-se sem demora!
Pois o sepulcro não me inspira qualquer temor
Uma vez que aliviará minh'alma de tanta dor
A agonia que vivo a toda hora.

Meu coração, doente, moribundo
Cansou-se inteiramente deste mundo,
De nele ser uma imagem desvanecida.

No veneno encontrei minha esperança
De tornar-me, por fim, uma lembrança,
A memória de um sonho suicida...


quinta-feira, 21 de maio de 2009

Carpe Diem ou Canção de Desencanto e Encanto


Nem no Juízo e nem no soar
Da Sétima Trombeta pela margem
Do jazer de flores finas no mar
Sobre a branda e celeste paisagem;

Nem no passar da Última Carruagem
Do último dormir de Febo no ar,
Ou na sibilância da terminal miragem
Onde tudo há de se encontrar;

Nem no último vento de friagem,
Da bruma mais álgida sem par,
Nem no último adeus que, sem bagagem,
Será 'onde vamos nos abraçar;

Nem na derradeira escura imagem
Que há de pairar pelo luar,
Da extrema antiga alunissagem
Que ainda não houve quasar,

Maior que pudesse na montagem
Do corcel dos dias, tropegar
Na última ilusão, na última visagem
Que em pouco há de se dissipar.

Nem mesmo na última paragem,
Na última parada do último lugar,
A forma plástica da modelagem
Dos seres e sombras há de mudar.

Nada há de se mudar pela ramagem
Espessa que forma o nosso lar,
(Um planeta pequeno) na linhagem
Incontável do que pôde passar

Pelos anos perdidos na clonagem
Que segundo a segundo há de matar
Devagar, um a um ser na forragem
De células que vivem p'ra passar.

Nada há de mudar; não nessa viagem
Que a missão não sabemos, mas que há
Há, e passamos a vida na dosagem
Regular, meio suspeitos por cá

Pensando se haverá outra pastagem
Outro mundo, outro canto p'ra cantar,
Ou se a vida é uma única tiragem
Que é feita apenas para se amar.

Só sabemos que temos a passagem
De ida ou apenas p'ra voltar,
E não há nesse mundo paisagem
Que um dia não há de evaporar.

Viva, pois, respire, que a viagem
Pode ser única e não mais que entrar
Para a terra de novo seja a contagem
Dos dias que ainda temos a passar.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Frieza




Na frágil palidez do céu cinzento
Tingido pelas cinzas da beleza,
Respira no silêncio da tristeza
O peito que se afoga em desalento;

Habita a mais espessa profundeza
Do abismo em que repousa meu tormento
O ventre que germina o filamento
Dos sonhos que se trincam na frieza;

Nas dores em que sangram meus sentidos
Os olhos transfiguram mil gemidos
Correndo pelas veias tão vazias;

No solo que permeia essa morada
Eu deixo a minha carne congelada
À lua que perfuma as noites frias.



Carlos André, 4/2/08

domingo, 17 de maio de 2009

OFICINA DE POESIA RETRÔ


Algumas técnicas literárias que podem ser úteis para compor a poesia passadista. Consegui hospedar no blog o texto teórico da Poesia Retrô que antes estava apenas no recanto das letras. Vamos aos exercícios.


1) A leitura do texto referido acima compensa, pois coloquei as principais características e todos concordaram. A leitura de grandes escritores de ontem e hoje é indicável sempre. Escritores qe mercem destaque e podem auxiliar:


- prosadores: José de Alencar, Thomas Hardy, Machado de Assis (o último também foi poeta)

- antigos: Safo (primeira poetisa), Ovídio, Homero, Hesíodo

-renascentistas: Camões, Shakespeare

- barrocos: Gregório de Matos, padre Vieira

- árcades/ neoclássicos: Bocage, Cláudio Manoel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga

- românticos: Edgar Allan Poe, Oscar Wilde, Walt Whitman, Casimiro de AbreuÁlvares de Azevedo, Lord Byron, George Sand, Junqueira Freire, Soares de Passos etc

- religiosos/ místicos: Sta Teresa d'Ávila, S. João da Cruz, Vulgata de S. Jerônimo (Bíblia Latina), livros e autores religiosos em geral

- parnasianos: Olavo Bilac, Francisca Júlia, Raimundo Correia

- simbolistas: Alphonsus Guimaraens, Cruz e Souza,

- outros: Oscar Wilde, Augusto dos Anjos, Cecília Meireles, Manuel Bandeira, Vinícius de Moraes, Murilo Mendes etc


2-) Tente escrever algo fora de seu cotidiano e envolvendo sentimentalismo ou num dos temas citados na postagem abaixo.


3-) Substitua o pronome você e respectivas referências por tu ou vós


4-) Coloque palavras desgastadas pelo tempo e construções na ordem indireta para dar um ar mais poético, afinal será distante do convencional e do moderno.


5-) Utilize rimas e nos sonetos, rimas e métrica


6-)Enfim, tente seguir algumas características presentes no texto já indicado e vá com calma, inserindo as características aos poucos.


Isto é apenas um esboço de um exercício, espero que eu tenha sido transparente (pelo menos um pouco) e tenha colaborações, aliás quem puder ajudar, toda boa ajuda será bem vinda.

Qualquer coisa, estaremos disponíveis para ajudar e publicar a obra ( C-L-A-R-O-!!!)



Rommel Werneck

POESIA RETRÔ


O quadro em destaque na capa do blog e nesta postagem é um auto-retrato de Albrecht Dürer


INTRODUÇÃO

Encontram-se na atualidade diversos escritores em diversas tendências, sendo cada uma de importância para a pluralidade literária. Um escritor é inspirado pela sociedade que vive e também pode utilizar-se do escapismo para compor obras diferentes do mundo que vive. A classificação literária, do mesmo modo que a musical, não pode almejar “rotular” o escritor e sim classifica-lo num estilo determinado para facilitar a compreensão da obra bem como a divulgação dela. O objetivo deste texto é orientar os escritores a respeito do que vem a ser a poesia retrô.

Milita ao lado do vanguardismo, a vanguarda retrô, que consiste em fazer novas coisas inspiradas no passado. Claro que toda obra produzida hoje possui alguma referência do passado literário, porém há poesias que deixam bem explícita a influência clássica numa ousadia vanguardista, assim como na moda.


CARACTERÍSTICAS:

Algumas características da poesia no estilo retrô:

-presença da métrica, rima em alguns texto e freqüente uso do soneto:

[...]
Algumas vezes, ponho-me à janela
Serenamente, toca-me uma luz....
Algo azul, bom ardor que me seduz!
Verdadeira lembrança meiga e bela.
[...]

Rommel Werneck

Eis acima um quarteto de um soneto em moldes e tema tradicionais

-Temas isolados do cotidiano, sempre relacionados ao amor, reflexão, morte, passado, mitologia, religião etc:

Incenso de fulgor e toque ralos
Exala docemente essas fragrâncias
Que lavam minhas dores, minhas ânsias
No ardor purificante de seus halos.

[...]
Katatonic. INCENSO



-Figuras de linguagem para dar mais intensidade e uso de arcaísmos para reforçar o passado e ainda a ordem indireta para o texto não parecer cotidiano e percebe-se também um inclinação para a tristeza, uma vez que hoje há mais referências à auto-ajuda, à felicidade do que antes:

[...]
Nos negros olhos: cor viva do tédio
As vestes lutuosas, pretas, góticas...
Curvas no corpo tão belas e eróticas...
Nos negros olhos: cor viva do tédio
[...]

Rommel Werneck


Quando a última corda soar no céu noturno
E a rouca manhã despertar na aurora,
Gabriel Rübinger. AO ROMPER DA MANHÃ

*Quando no céu noturno a última corda soar
E na aurora despertar a rouca manhã


No soneto Demônio Angelical, usei referências barrocas como o contraste e o conflito e na estrofe acima o paradoxo “cor viva do tédio”. E no trecho de Rübinger vemos a ordem indireta sendo o trecho em ordem direta o com asterisco

O vaso de alabastro e de oferendas
Dedicado ao supremo deus Sol: Febo...
''Eu te dediquei mil flores e prendas,
Pálido virgem, lânguido mancebo! ''

[...]

No soneto Jóia foram utilizadas palavras em desuso ( mancebo, longínquo, prisco), aliás o próprio título de Apolo (Febo) encontra-se em desuso e mitologia é algo clássico

Elegia Segunda
Dorme, sombria, a Lua no jazido
Coberto de mármore contrito e gelado.
A cidade dorme, o tempo está parado
E há poucos passos no espaço dormido.
O bosque de éter está envolvido,
A bruma percorre a dentro dos bordos.
Nas lápides cinzas dos corpos balordos
Caminha a Senhora Da Foice, divaga,
Percorrendo, álgida, a vivência vaga,
Dos humanos, tão frágeis tão fordos
[...]. Gabriel Rübinger

[...]
Idolatro-te na pulcra paisagem
Negas-me teu ósculo pervertido
Espero-te dama de cortês linhagem
Não chegas... Sal do meu olhar vertido
[...] Denise Severgnini. ROMANESCO


Os dois poemas acima expressam a tristeza de modo diferente, enaquanto Elegia Segunda tematiza a morte, o poema de Denise Severginini focaliza a vassalagem e conquista amorosa num clima quase medieval, (ou medieval mesmo!), além dos arcaísmos utilizados que favorecem a intenção do texto.

-Uso da epígrafe/ mote não como muitos fazem atualmente apenas colocando a epígrafe como parte do poema, mas como uma inspiração do mesmo modo como faziam os clássicos poetas.

NO TEMPLO DO TEMPO
'''The Ocarina of Time opened the door.
The Hero of Time, with the Master
Sword, descended here.'' 1
Nintendo. The Legend of Zelda: Ocarina of Time.

Templo do tempo, lúcido transporte
Onde o pequeno moço da floresta,
Nosso herói, ganha vida, fica forte
E recebe a coragem alta e honesta.
[...]

Rommel Werneck
1Retirado do jogo de vídeo game The Legend of Zelda: Ocarina of Time. Trad.: A Ocarina do Tempo abriu a porta. O Herói do Tempo, com a Espada Mestra, surgiu aqui.

Cavaleiro Noturno
Luna mihi tremulum praebebat lumen eunti. (Ovídio, Heróides; 18.61)

I

sou um cavaleiro bardo
da aurora medieval.
num tropel vivo ofegante,
atiro flechas no mal.
[...]
Gabriel Rübinger

Em No Templo do Tempo, utilizei como epígrafe um trecho de um jogo de vídeo game mesmo porque o foco do texto é o jogo em si, mas banhado na atmosfera épica e heróica, modernidade e tradição. No longo texto de Rübinger, nota-se uma epígrafe retirada de umsa obra literária da Antiguidade Clássica.

-estrangeirismos diferentes dos convencionais e às vezes fora da língua inglesa. No fragmento do soneto abaixo, temos um estrangeirismo em latim:

[...]
Dó e caritas, amor, tudo tão só.
Só! Sem cor, sem ninguém, sem luz, sem fim!
Afundando-se neste rubro mangue...
[...]
Rommel Werneck SÓ


-uso da mesóclise e das formas pronominais “tu e vós” em oposição a “você” e “a gente”:

Impassível! Meu homem dominador!
Inflexível! Eu te amo doce ilusão!
Incrível! Morder-te-ia amarga paixão!
Insensível! Tu me causas dura dor!
Rommel Werneck. INVISÍVEL

De tanto querer-te eu quis-te
Mais longe que o fim do mundo!
Cavei mais que um poço profundo,
Bem sei que tu sabes! Tu viste.
Gabriel Rübinger. ANTÍTESES TUAS

Amo-vos minhas pálidas lembranças
Banhadas nas cascatas mais oníricas
Amo-vos pelas vozes belas, líricas...
E por jamais trazerdes esperanças!
Rommel Werneck. LOST PAST

Blog Poesia Retrô Poesia de Sempre
http://poesiaretroapoesiadesempre.blogspot.com/

KATATONIC. www.recantodasletras.uol.com.br/autores/carlosandrepaes

RÜBINGER, Gabriel. www.recantodasletras.uol.com.br/autor.php?id=20577

SEVERGNINI, Denise. www.denisesevergnini.recantodasletras.com.br/

WERNECK, Rommel. http://recantodasletras.uol.com.br/autores/rommelwerneck



O quadro em destaque na capa do blog e nesta postagem é um auto-retrato de Albrecht Dürer

sábado, 16 de maio de 2009



ROMANTISMO



Oh! Doce amada!

Tomo tuas delicadas mãos

Dentre as minhas.

Assento nelas um beijo respeitoso.


Oferto-te, meu amor,

Como terno relicário

Repleno de anseio.


Meu coração lateja,

Ao vislumbrar tua lívida fácies,

Teu vulto plácido

Como a afável pétala da rosa!


Primorosa percepção!

Enlevo, encantamento!


Suave afeto de minha existência!

Apreendo-te em meu pensamento.

Aspiro ao momento de coabitar contigo!


Sou teu inexaurível arrebatado,

Querubim de meu devaneio aurífero!


Consagro a ti uma alfombra de flores

Para auferir tua passagem,

Quando emanas à veemência de meus amplexos!


Amo-te mais do que possa proferir avelhantados saltérios!

És tu, meu valioso thesaurus,

Bendição majestosa, alocução matutina!


Anelo sorver teu ósculo divinal,

Para amainar delicada volição

Desperta em meu cerne,

Quando meus olhos procuram o teu contemplar!


Denise Severgnini

REVIVALISMO LITERÁRIO


Poesia Retrô é um grupo de revivalismo literário fundado por Rommel Werneck e Gabriel Rübinger em março de 2009. São seus principais objetivos:

* Promoção de Revivalismo;

* O debate sadio sobre os tipos de versos: livres, polimétricos e isométricos, incluindo a propagação destes últimos;

* O estudo de clássicos e de autores da História, Teoria, Crítica e Criação Literária;

* Influenciar escritores e contribuir com material de apoio com informações sobre os assuntos citados acima;

* Catalogar, conhecer, escrever e difundir as várias formas fixas clássicas (soneto, ghazal, rondel, triolé etc) e contemporâneas (indriso, retranca, plêiade, etc.).