quinta-feira, 12 de setembro de 2024

COMO CONTAR AS SÍLABAS POÉTICAS? O mais completo guia de escansão da internet

 


1.    INTRODUÇÃO

 

“A grande colmeia da poesia não é habitada por zangões. O mel coletado de cada flor é o resultado de trabalho e indústria.”

William Caswell Jones (1897, p.328)



É possível ler a maioria dos tratados clássicos de versificação digitalizados gratuitamente na internet. Acontece que embora hoje haja demasiadamente mais materiais acerca de Versificação na internet do que quando comecei (anos 2000s), alguns títulos apenas são possíveis de encontrar graças ao bom uso de palavras-chave, nome do autor, termos, título, ano etc. Quem deseja conhecer o tratado de versificação do início do século precisa conhecer os nomes de Olavo Bilac, Guimarães Passos, Manuel do Carmo, Manuel Bandeira. Quem deseja compreender o pós-modernismo, pode ler Amorim de Carvalho, Norma Goldstein, Rogério Chociay etc. Os devotos do século XVIII precisam saber quem foi Miguel da Costa Guerreiro. Assim como quem quer escandir em inglês, Tom Hood, Paull Franklin Baum, William Caswell Jones… Infelizmente alguns outros livros muito interessantes são raros e disponíveis apenas fisicamente.

 

Ou seja, teoricamente, esta simples postagem não seria necessária. Jamais serei capaz de ensinar tão bem como os tratadistas fizeram. No entanto, existem as questões já citadas e abundam informações erradas sobre versificação, sejam elas por rigoristas que se sentem no direito de cancelar até Olavo Bilac e Augusto dos Anjos em grupinhos de whatsapp por uma sinalefa (canal indireto, !) ou por modernetes que acreditam que toda versificação é errada e ultrapassada.

  

2.    ÚLTIMO ACENTO PREDOMINANTE 

 

Sílabas poéticas ou métricas são diferentes de sílabas gramaticais. A fonética guia a música e, por conseguinte, a poesia. Por isso, na contagem de sílabas de um poema o ouvido nos importa, ele é a regra e não a gramática convencional. Na esmagadora maioria dos casos, o número de sílabas poéticas é menor que de gramaticais. 

O primeiro princípio é de contarmos as sílabas até a última sílaba tônica descartando as átonas que vierem depois. Chamamos este fenômeno de contagem francesa, tradição francesa ou sistema francês de Versificação. Esta doutrina foi elaborada por Miguel do Couto Guerreiro (1782), mas foi o Visconde de Castilho que a difundiu a partir de 1851. Observem o exemplo:

 

 

 

Como podemos notar, o verso inicial do soneto Demóstenes possui a mesma quantidade de sílabas gramaticais e poéticas, obviamente se desconsiderarmos a sílaba (RA), teremos doze sílabas. Este é um caso de coincidência porque outros fenômenos ocorrem no ritmo do verso, da qual falarei na próxima seção.

  



O verso acima apresenta coincidência total de sílabas poéticas e gramaticais já que a última palavra é monossílabo tônico (verso agudo). Mas esta coincidência é rara porque outros elementos contam na Versificação. 

Abaixo, o verso finaliza com palavra paroxítona: descarte de apenas uma sílaba. Chamamos este tipo de verso de verso grave:

   

 

Verso que finaliza com palavra proparoxítona se chama esdrúxulo e nele duas sílabas serão jogadas fora. Observem que neste próximo caso há 13 sílabas gramaticais, mas 10 poéticas. Além da contagem francesa, há outro fenômeno que veremos na seguinte seção.

 

 

3.    SINALEFA


Vogais átonas podem ser agrupadas na mesma sílaba. O que naturalmente seriam duas ou três sílabas gramaticais podem equivaler a uma sílaba poética somente. Este fenômeno se chama sinalefa ou elisão.

 


 

Os dois versos possuem 10 sílabas poéticas, mas 12 gramaticais. As sílabas removidas ou acopladas a outras são chamadas de “intrusas” por Duque Estrada (1914: p. 54). Nestes versos do poeta mineiro temos apenas casos em que todas as vogais da sinalefa são átonas. Mas há os casos em que temos átona + tônica onde a sinalefa também ocorre.

 


 

Sabemos que a poetisa potiguar seguiu a doutrina da sinalefa porque todos os outros versos são heptassílabos (7 sílabas). Poderia ter aplicado a dialefa separando as vogais, todavia não o fez. O assunto aparecerá em outra seção.


Alguns, sabiamente, denominam a sinalefa de vogais idênticas como
crase

  


 

Tem sido aceito a sinalefa de até 3 ou 4 vogais átonas. H inicial, excetuando nomes estrangeiros e próprios, não tem som em português, portanto aplica-se sinalefa. No exemplo que veremos existe sinalefa de H e três vogais juntas.

 

 



A existência de hífen não tem sido impedimento:

 


 

Vogal tônica + vogal átona: sinalefa polêmica. Via de regra, a vogal tônica não permite absorções.



REGRA 2 — A vogal mais fraca, menos accentuada e menos pausada, é a mais fácil de absorver na que vem immediatamente depois : o que quer dizer que as mais accentuadas, mais fortes e mais pausadas só se elidem violentamente. (BILAC, O. e PASSOS, G., 1907, p.40)

 



Escreve Castilho (1873, p. 16): “Vogaes mais ou menos difficeis de absorver. Há vogaes mais ou menos duras: em geral, o O é mais duro que o A, o A mais que o i, o i mais que o E.” Também Duque Estrada (1914, p.56): “As vogaes de mais fácil absorpção, por serem quasi sempre brandas, são o E e o A;”

Isso significa que a vogal E, seja aberta ou fechada, pode elidir embora a visão geral seja de proibição ou polêmica. Alguns alegam que a conjunção explicativa de resposta PORQUE é uma oxítona, não sendo permitida a sinalefa do E, mas observemos o poeta e tratadista Olavo Bilac:

 

 

Augusto dos Anjos é fã das sinalefas em E tônico:

 



O poeta de Santo Amaro faz a sinalefa de A tônico e A átono:



 Mas há quem pense diferente:

 


Em contrapartida, ditongo tônico + vogal = sem sinalefa, duas sílabas distintas



Duas vogais tônicas são duas sílabas tônicas, dois materiais fonéticos, duas realidades diferentes, há separação sem umbra ou penumbra de dúvida. 

 


 

Resumo da doutrina da sinalefa no soneto cujo título é, muito provavelmente, o

maior da língua portuguesa:

 

 




  

4.    SINÉRESE


Como você pôde notar, é possível diminuir a quantidade de sílabas jogando as paroxítonas e proparoxítonas para o fim do verso e deixando as vogais átonas próximas causando elisão. Obviamente, tais seleções devem ser pensadas também na Sintaxe, no sentido do texto, nas rimas, no entendimento…

 

Mas ainda existe um recurso que também diminui as sílabas. Tradicionalmente, o encontro de semivogal + vogal (e vice-versa) recebe o nome de ditongo. Hiato é encontro de duas vogais, portanto, há separação de sílabas. Todavia, podemos converter alguns hiatos em ditongos, esta prática se chama sinérese e foi muito usada no Parnasianismo.




Mas a sinérese não ocorre quando queremos, mas sim quando as condições fonéticas são favoráveis. Há basicamente duas localizações de hiato de uma palavra. Uma delas é quando o hiato (a separação dos sons vocálicos) se dá envolvendo uma sílaba tônica, como ocorre no exemplo acima. A gramática nos ensina que a palavra seria “pom/pe/an/do”, todavia a poetisa paulista optou por unir E + A numa única sílaba sendo que AN abriga a sílaba tônica.

Outra sinérese igualmente lícita, mas foneticamente superior é aquela que não envolve a sílaba tônica. O belíssimo soneto Em Sonda, está recheado dos dois casos:

 


Opinião similar em Consolidação das Leis do Verso. Escreve Manuel do Carmo (1919, p. 54, Art. 95): “Há tanto mais facilidade para a absorpção de que fala o artigo anterior, quanto mais accentua a  cesura que se lhe segue, ou que a precedeu.”


Se o hiato apresenta a sílaba tônica no seu primeiro som vocálico, não convém fazer a conversão de hiato em ditongo (sinérese). Observem o primeiro verso do texto mais conhecido da gaúcha Delfina Benigna:

 


Não podemos pronunciar LUA em uma única sílaba. Poderia existir sinérese em PRATEADA onde a vogal A configura sílaba tônica (tônica posterior), mas com a tônica ocorrendo antes (anterior), nosso “hiato decrescente” virar ditongo parece violência sonora.

 

De um modo geral, U é som vocálico que se destaca bastante.  No caso da sextina dupla de Duarte Dias, temos o adjetivo perpétuas. Há um imenso debate na gramática se essa palavra é paroxítona (per-pé-tuas) ou proparoxítona (per-pé-tu-as). Mesmo que a consideremos proparoxítona, o autor optou pela sinérese, perfeitamente legal, uma vez que a tônica está na sílaba anterior favorecendo a aceleração da sílaba posterior e átona.

 


Voltemos à autora de Eldorado Paulista. A palavra luar, pelo seu U sinuoso, não deveria configurar uma sílaba, mas no soneto Em Sonda (meu favorito de Francisca), a célebre parnasiana optou por uma polêmica sinérese, o mesmo não vemos em outro texto.

  



 

No entanto, a sinérese é um recurso facultativo e estilístico, pode ser desprezado e há quem opte por não usar ou usar raramente. O verso  do campineiro  Francisco Quirino dos Santos não apresenta sinérese: duas sílabas distintas em o/ce/a/no:



O tratadista francês Auguste Dorchain (1910, p. 77) explica que o ouvido percebe  o hiato convertido em ditongos por meio de uma aceleração de sons vocálicos. A velocidade, portanto, julga sinérese e diérese. Obviamente, o autor utiliza exemplos do francês, mas resumidamente sua tese de aceleração fará sentido em português.



5.    DIALEFA

 

Alguns autores fazem distinção entre sinalefa e elisão, diferenciam dialefa e diérese alegando que diérese é a conversão de ditongo em hiato na mesma palavra e dialefa seria o mesmo fenômeno mas entre duas ou mais palavras.



Em convicta lucidez, encerra a matéria, Chociay (1979, p.28):


O conhecimento da pronúncia do tempo e lugar do poeta seria interessante para a cabal elucidação de todos os casos de sinérese e diérese. À falta deste, o melhor é estudarmos, comparativamente, na própria obra do poeta, as ocorrências dos mesmos vocábulos com seus grupos vocálicos ora unidos, ora separados. Com isso atingiremos, se não todos, pelo menos os exemplos cabalmente demonstrativos da técnica de sinérese e diérese do poeta.


 6.    METAPLASMOS


 Até agora notamos que a contagem de sílabas poéticas não é difícil, mas requer atenção nos detalhes. Há uma gradação. Contar até a última sílaba predominante e fazer sinalefas são regras essenciais. Sinérese e diérese são questões acessórias e secundárias.  É possível ainda aumentar ou diminuir a quantidade de sílabas por efeitos mais artificiais.



6.1  ADIÇÃO


Por adição no início da palavra, há a prótese: levantar por alevantar; baixar por abaixar. Este fenômeno não existe apenas na ciência versificativa, mas também na linha do tempo do idioma. Assim, com o tempo, baixar cedeu espaço para abaixar. Tal como a palavra latina stella se tornou estrela. O recurso da prótese não parece ser o mais usado.


No verso do poeta curitibano mencionado abaixo, o acréscimo de A no verbo avoar não alterou a quantidade de sílabas, mas poderia ter alterado se fosse usado no começo do verso ou onde não coubesse sinalefa. Geralmente, a adição de A + VERBO confere um tom popular ao poema.




Epêntese é o acréscimo no interior da palavra. O clássico exemplo é Marte por Mavorte.





Há um tipo de epêntese chamado suarabácti ou anaptixe que consiste em “reinterpretar” sons consonantais conferindo divisão, adição de sons. É o caso das letras mudas, por exemplo absinto virar abisinto ou metrificar magma como maguima etc Mas acho mais diferente e didático aqui explanar o caso do dífono /KS/ tão bem representado pelo grafema X no verso do outro poeta curitibano de nome bem parecido e contado como uma só sílaba: 



 O inteligente Rogério Chociay (p.24) opta por denominar o efeito como desdobramento de consoantes. Vale ressaltar que esta prática não é modelo, o poeta maldito paraibano pensa diferente (há outros versos que comprovam isto):




Se o acréscimo é no fim da palavra, chamamos de paragoge:



Como sabemos que existiram as alterações? Porque os outros versos são isométricos e os casos que expus possuem brechas fonéticas.  Sobre os metaplasmos de acréscimo, convém recordar que eles são bem “datados”, os românticos, por exemplo, possuem uma forte predileção à fala popular, o que favoreceu o exemplo acima de F. Varela. Em suma, para recursos que adicionam sílabas. Chociay (1979, p. 22) prefere usar o termo geral ampliação e parece-me justo usar termos mais simples.


6.2 SUBTRAÇÃO


Recursos de diminuição costumam ser mais frequentes já que os poetas precisam de mais espaço nos versos.  O total oposto da prótese é aférese onde omitimos uma sílaba inicial como faz o poeta moçambicano:



Síncope é o processo eliminatório do interior da palavra como humildemente por humilmente (os dicionários têm registrado as duas palavras), pérola por perla (outra dicionarizada ainda que em variante popular e hispânica).



Diminuir no final do verso significa apócope.  Perdoem–me pela referência, mas é pela matemática versificativa:



7.    OUTROS FENÔMENOS


A dificílima palavra ectlipse descreve quando o M final da preposição COM é abolido possibilitando uma polêmica sinalefa:




No poema Rosa no mar!, Gonçalves Dias utiliza um esquema heterométrico, mescla de verso de 7 sílabas com verso de 3 sílabas. Sinafia é um processo de equivalência silábica entre dois versos. Uma forma é quando a primeira sílaba do verso é acoplada à última sílaba átona do verso anterior. Este fenômeno medieval foi revivido pelo autor maranhense e garante a presença de 3 sílabas poéticas em um verso. Com isso, o verso abaixo perdeu 1 sílaba. A sinafia está em roxo:





A palavra grega synapheia é cognata da palavra sinalefa. Em termos práticos, o que aconteceu acima foi a junção em crase das vogais AA. LA + A. Mas abaixo temos sinafia por adição. Considerando que o poema A Valsa é composto por versos dissílabos, tudo em roxo abaixo pertence ao segundo verso:



É por isso que Geir Campos (p.183) facilita a nossa vida ao denominar o efeito sinafia como compensação.



8.    OUTROS SISTEMAS


Existem vários critérios de contagem de sílabas poéticas. Nossos irmãos hispânicos não aplicam a contagem francesa. Isto significa que eles contam a sílaba átona de toda palavra paroxítona. Em oxítonas acrescem 1 sílaba (invisível) e na proparoxítona apenas 1 pós-tônica é contada. O critério é adotado também pelos italianos, por isto os versos hendecassílabos equivalem ao decassílabo, os octassílabos ao heptasílabos e assim por diante. Os ingleses adotam a contagem francesa, mas sua métrica está baseada no sistema quantitativo de pés. Convém sempre lembrar que ao escandir versos anglófonos devemos mirar na pronúncia do inglês sempre recordando as muitas consoantes e vogais mudas (que não constituem uma sílaba), portanto os versos ingleses são menores do que parecem…


9. 9.  CONCLUSÃO


A Versificação foi construída ao longo dos séculos sofrendo ideias divergentes, influências externas, vivendo reviravoltas, acrescentando pontos, subtraindo outros… Tivemos várias escolas literárias (Barroco, Romantismo, Renascença, Simbolismo…) e dentro delas tendências diferentes (Gongorismo, Quevedismo, Tenebrismo), escritores que estão com um pé no Parnasianismo e outro no Simbolismo, por exemplo. Cada período literário teve sua fase da língua portuguesa, viveu um conjunto específico de valores estéticos, possui autores considerados modelos. Parece-me que cada escola literária tem o seu tratado de versificação… “Na história de cada literatura se comprova que umas vezes pode-se eleger uns elementos, e outros, outros e aí a possível simultaneidade, de vários sistemas de versificação.” Caparrós, (2014, p.39)


Em suma, Versificação é uma catedral de versos edificada ao longo dos séculos, com opiniões, visões, perspectivas diferentes, contrastantes, anacrônicas e diversas. Quem contar as sílabas poéticas ou se aventurar na arte de escrever trova, soneto, sextina, silvas etc deverá compreender a lógica versificativa e não a mera aplicação de um conjunto de regras.  Devemos recusar o radicalismo rigorista de buscar defeito no verso do colega a todo momento e fugir do radicalismo liberalista de escavar virtude no verso de pessoas queridas e influencers só para agradar e ser descolado. Não existe versificação sem naturalidade.


Porque “não há arte sem técnica, nem há técnica sem uma coordenação de conhecimentos sem ciência. E toda a ciência é uma quimera se não se afirma em princípios e leis.” Amorim de Carvalho (1981, p.36). “Ritmo é, em seu sentido mais simples,  movimento medido. (...) Toda ação e reação é rítmica, tanto na natureza como no homem.” Paull Franklin Baum (1924, p.3)


10.   BIBLIOGRAFIA 


BANVILLE, Théodore de. Petit Triaté de Versification. Paris: Alphonse Lemerre, 1871. In: https://bibdig.biblioteca.unesp.br/items/f8d3be3c-0539-4569-8b65-68ca0dcfcf4d Acesso a 07.set.2023

BAUN, Paull Franklin. The Principles of English Versification. 3a ed. Cambridge: Harvard University Press, 1924

CAMPOS, Geir. Pequeno dicionário de arte poética. Rio de Janeiro: Edições de Ouro, provavelmente 1960 ou 1961. 

CAPARRÓS, José Domínguez. Métrica española. Universidad Nacional de Educación a Distancia: Madrid, 2014 

CARMO, Manuel do. Consolidação das Leis do Verso. São Paulo: Casa Duprat, 1919

CASTILHO, Visconde de. Tratado de Metrificação Portugueza. 4a ed. Porto: Livraria Moré-Editora, 1874

CHOCIAY, Rogério. Teoria do Verso. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1974

DORCHAIN, Auguste. L'art des vers. 12a ed. Bibliothéque des Annales: Paris, provavelmente 1910 

DUQUE-ESTRADA, Osorio. A arte de fazer versos com um dicionário de rimas ricas. 2a ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves e Cia, 1914. 

JONES, William Caswell. Elements and Science of English Versification. Buffalo: The Peter Paul Book Company, 1897. 

TAVARES, Hênio Último da Cunha. Teoria Literária. 6a ed. Belo Horizonte: Itatiaia Ed. Ltda., 1978



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