Caríssimos, desde que li este soneto fiquei revoltado por nunca ter ouvido falar do autor nem no colégio e nem na faculdade.
Agripino Grieco disse que todo brasileiro deveria saber de cor o soneto abaixo. Se o povo prefere ficar decorando poesias curtinhas só porque exprimem a tal concisão de vanguardinhas, fazer o que? O soneto abaixo é um belo exemplo de concisão e esplendor artístico.
ARGILA
Nascemos um para o outro, dessa argila
De que são feitas as criaturas raras;
Tens legendas pagãs nas carnes claras
E eu tenho a alma dos faunos na pupila...
Às belezas heróicas te comparas
E em mim a luz olímpica cintila,
Gritam em nós todas as nobres taras
Daquela Grécia esplêndida e tranquila...
É tanta a glória que nos encaminha
Em nosso amor de seleção, profundo,
Que (ouço ao longe o oráculo de Elêusis)
Se um dia eu fosse teu e fosses minha,
O nosso amor conceberia um mundo
E do teu ventre nasceriam deuses...
Raul de Leôni
3 comentários:
É um parnasiano?
Fiquei pasmo quando descobri! Um escritor dos anos 20!
Fui fazer uma visita rápida, bardo! E a prosa gótica-erótica? Mande-me os textos. Lerei com prazer!
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