Meus dias, que já foram tão luzentes,
Hoje da noite opaca irmãos parecem;
Meus dias miseráveis emurchecem
Longe do gosto, e longe dos viventes:
Horror das trevas, peso das correntes
Olhos, forças me abatem, me entorpecem:
E apenas por momentos me aparecem
Rostos sombrios de intratáveis entes:
Pagam-se da rugosa austeridade;
Antolha-se-lhe um crime, um atentado
Sofrer nos corações a humanidade:
Voai, voai do céu para meu lado,
Ah! Vinde, doce Amor, doce Amizade,
Sou tão digno de vós, quão desgaçado.
Bocage
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Triste Fado
Escurece meus dias a tristura;
De não mais desfrutar felicidades;
E sentir gosto só da desventura.
Na treva, que se faz amarga dor,
Não sinto que mereço este meu fado:
Que mais mereço ter do doce Amor.
Mas a Fortuna vale-me a desdita:
Que mais mereço, tenho por mais falto!
Ivan Eugênio da Cunha
3 comentários:
Parabéns pelo trabalho, essa é uma forma fixa validíssima...
Bem feito, ficou muito bom! Bravo...
Obrigado. :)
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