Clássicas são as obras que brilharam no passado e que hoje estendem seu brilho para as modernas manifestações da atualidade. Clássicos também são os pensamentos e devaneios humanos que nunca abandonam as artes e a sociedade.
No campo literário, o soneto merece o título de cátedra das cátedras por sua larga repercussão sem causar repetições cansativas na História. Se o soneto surgiu lá no Humanismo e reina ainda hoje, não há problemas em providenciar um príncipe encantado para ser regido com maestria.
O indriso é uma nova forma fixa criada por Isidro Iturat, artista espanhol que reside em São Paulo. O indriso é composto por oito versos distribuídos em dois tercetos e dois monósticos sem exigir a regularidade métrica dos versos e a rima, o que no soneto é uma grande polêmica. O modelo 3-3-1-1 estreou em janeiro de 2001, na capital espanhola enquanto em língua portuguesa o primeiro texto na nova forma fixa foi escrito pela pernambucana Cláudia Banegas, poucos anos depois.
BORBOLETANDO
Borboletas coloridas, bailam em um vai e vem.
Soltas e leves, espalham energia.
Cada uma é única, peculiar.
Transformadas, mudadas,
metamorfoseadas, enfim.
Sem retorno, sem volta.
São a perfeita expressão da natureza.
São evoluídas; lagartas, nunca mais.
CLÁUDIA BANEGAS
Assim como o hai-cai, o soneto e outras formas fixas, o indriso preza pela concisão, o desafio está em combinar as palavras num espaço determinado. Seria muito interessante entrar na questão da densidade do texto exposto, a escritora e artista plástica Monique Allain já me dizia que o desafio da lírica era: revelar na máxima leveza a máxima profundidade.
O texto de Banegas realmente traz a densidade. O título “Borboletando” significa agindo como borboleta, o foco é a semelhança com as borboletas e não as borboletas em si. O eu-lírico cria a atmosfera harmônica das borboletas conforme se evidencia na primeira e terceira estrofes enquanto nos outros versos o tempo é o tema. Parece que há uma preocupação em mostrar que as belas borboletas nunca mais voltarão a ser lagartas (“sem retorno, sem volta”) o que torna a transitoriedade da vida tema central da obra. O próprio Isidro considera Cláudia Banegas a “explosão do indriso no Brasil”.
Como se pode conferir, um clássico pode surgir perfeitamente nos dias atuais, a língua e a literatura estão sempre em transformação. E clássicos sempre são dignos de gerar não somente textos comuns, mas também outros clássicos.
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3 comentários:
Texto originalmente no Piagüí cujo site não existe mais.
Olá!
Obrigada por visitar meu cafofo! Volte mais vezes!
Dei uma conferida no teu blog!
Muito bacana e tô ficando por aqui!
Percebi que vc Também curte o blog moda de subculturas da Lady Skull!
bjs!
http://guerradosmundosleka.blogspot.com/
Ok. Agradeço a visita.
Sou também leitor do Moda de SubCulturas. Vc pode também conhecer meus kilts www.stamoskilts.blogspot.com
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