Tela de Jean Leon Gerome Ferris. Retirado da Wikipédia
Ilustre Plêiade e Leitores,
Esta é uma singela homenagem de nosso blog para nossos vários leitores estadunidenses. A Festa de Ação de Graças ocorre aqui no Brasil na quarta quinta-feira de novembro.
Pra vocês verem como as coisas são. Eu estava pensando que estava faltando algo para esta postagem. Fui procurar um poema comemorativo e adivinha que acabei de descobrir?
Mais um célebre poeta do fin-de-siècle brasileiro . Um soneto em decassílabos heroicos e sáficos!!!
Mas, caros poetas, Gabriel, Vitor, Hilton & Cia, tem uma parada para resolvermos.
Eu achei o tal poema no Mundo Jovem da PUC RS,
um grupo de jovens onde contribuo com poesias. Paralelamente também o vi no Sonetário Brasileiro. Meninos, há diferença no primeiro verso, enquanto o grupo de jovens registra a palavra "lua", o Sonetário registra como "luar", versão transcrita abaixo, mas o certo é que o pé tá quebrado.
Vamos ter que pesquisar.
AÇÃO DE GRAÇAS DO POETA
Graças a vós Senhor, pela ventura
De poder isolar-me na Poesia,
Ter nela o alívio à provação mais dura,
E, no Sonho, o meu pão de cada dia.
Sentir albor de luar na noite escura,
Achar descanso e paz na nostalgia
E ver, até no pranto da amargura,
Um consolo vizinho da alegria.
Graças a vós por este dom divino
Que me defende do destino adverso,
Tornando-me senhor do meu destino.
E se em mim próprio, ruge o mal perverso,
Puro, alegre, feliz, o mal domino
E alo-me ao Céu nas asas do meu verso.
Bastos Tigre
Desejo a todos os leitores e escritores muita bonança, leituras e inspirações e que continuem maravilhosos como sempre.
Rommel Werneck
10 comentários:
Há poetas que leem “lua” como uma única sílaba, sem hiato. Depende do modo da fala ou do jeito de diminuir a quantidade de sílabas. Eu já utilizei este expediente, pois falo “lua” quase sem hiato, assim como “rua”. Já com a adição da consoante “r” o peso da vogal fica maior, daí torna-se necessário o hiato. Nada que impeça a beleza espiritual do soneto. Assim percebi.
Sen/tir/ al/bor/ de/ lu/ar/ na/ noi/te es/cu/ra = hendecassílabo. A tônica vai para a sétima. Há também o costume de interpolar hendecassílabos de sétima com decassílabos, pode ser, pode ser...
Que interessante!
Ele só "comeu o hiato", leu "luar" como uma sílaba só. "Lua" não pode ser lido como uma sílaba só, se se considerar que o "u" é a vogal da sílaba tônica, "a" nunca pode ser semi-vogal. Mas se lermos o "u" como semi-vogal, temos uma sílaba só e um decassílabo de tônica na 6ª.
Na verdade, minha dúvida era mais referente ao fato de que temos vários poemas grafados errados não pelo autor, mas sim por quem copia, reproduz etc
No entanto, é claro que uma questão de métrica também é sublimemente importante.
Realmente, eu li num lugar (não lembro onde) que não pode haver junção de "lua", "rua" por apresentarem encontro vocálico decrescente.
Entretanto, até eu tenho alguns "deslizes" e se o Vitor, a bartira e o povo entende do assunto e acha que não há problema porque o autor pode inovar, quebrar regras, tá certo. hee
O Rübinger é que ebntende desse assunto de alternativas. Vamos chamá-lo.
Longe de entender direito disso, Rommel (risos). Minha posição é em parte com Vitor e em parte com Felipe. Para mim ele lê /luar/, ou seja, uma sílaba só, como Felipe disse. E, como Vitor disse, isso depende de quem lê, às vezes é até bom ver isso no contexto histórico. Também acredito que lua pode ser lido em uma sílaba só: /luá/, a sílaba forte indo para o a.
hummmm Alguém mais?
O verso ficou com 11 sílabas sim... Qualquer leitura diferente é "forçação de barra"!
Depois eu que sou parnasiano né kkkk
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