
''Por isso, ó morte, eu amo-te e não temo:
Por isso, ó morte, eu quero-te comigo
Leva-me à região da paz horrenda,
Leva-me ao nada, leva-me contigo.''
Morte (Hora de delírio) - Junqueira Freire
Que me venha a Morte, há tanto a espero!
Pois da vida não hei de sentir nenhuma falta
Com tanta dor que no peito me assalta
Se não vier a Morte, eu me desespero!
Que me venha a Morte, com seu negro manto
A fechar-me os olhos, suave, serena
Que leve nos braços minh'alma pequena
Triste e só em meio ao Vale do Pranto.
Que me venha a Morte, que não me há razão
Pra ir seguindo um caminho de misérias
E ter de fazer com elas mil pilhérias
Pra não enlouquecer na escuridão.
Que me venha a Morte - Depressa, venha!
Pois somente ela dará o que preciso
Não me importa Inferno ou Paraíso
Bem-vinda és, nada a detenha!
Que me venha a Morte - A minha única sorte
Seja a chave dos grilhões da existência
Se da vida algoz nunca tive clemência
Que me venha a Ceifeira - Me venha a Morte!
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