sábado, 11 de julho de 2009

ENTREVISTA COM A ESCRITORA CAMILLE CLAUDEL, POR ROMMEL WERNECK



Geovana da Encarnação Loureiro
Mogi das Cruzes – SP. Pseudônimo: Camille Claudel

FORMAÇÃO ACADÊMICA E PROFISSIONAL:

Vou iniciar o quarto semestre da Licenciatura em Artes Plásticas. Já trabalhei também com encomendas de artesanato.

O QUE VOCÊ MAIS ESCREVE?


Camille: Sonetos e poemas.

E A PROSA?

Camille: Gosto de escrever em prosa, embora seja mais difícil eu fazer textos assim, pois me exigem tempo e uma criatividade maior. E os poucos textos que eu tenho em prosa são eróticos, mas às vezes faço contos de terror, crônicas, cartas.

QUANDO VOCÊ COMEÇOU A PRODUÇÃO LITERÁRIA? QUAL FOI SEU PRIMEIRO CONTATO?

Camille:
Sou uma leitora ávida desde criança, aos 13 anos eu tentei escrever uma história, porém, não deu certo, porque naquela época eu não tinha a maturidade e o conhecimento que tenho hoje. Contudo, aos 17 anos fui adquirindo contato com o estilo gótico, a literatura do Romantismo e do Simbolismo, aí sim, eu comecei a escrever com afinco.

COM QUANTOS ANOS COMEÇOU A ESCREVER? HOUVE FASES LITERÁRIAS EM VOCÊ? FALE UM POUCO SOBRE SUA TRAJETÓRIA

Camille: Posso dizer que foi aos 17 anos mesmo que comecei a escrever de verdade. No início, eu me inspirava em Álvares de Azevedo e Fernando Ribeiro, o vocalista do Moonspell, para escrever meus poemas melancólicos. Lógico que eu desabafava muito dos meus sentimentos também nesses poemas, pois comecei a escrever num período complicado da minha vida. Passei por inúmeras fases literárias, até na poesia dada/surrealista eu me aventurei.


COM QUAL ESCOLA LITERÁRIA OU PERÍODO DA HISTÓRIA VOCÊ MAIS SE IDENTIFICA?

Camille: Na literatura, eu me identifico muito com o Ultra Romantismo. Gosto também do Arcadismo e do Simbolismo, mas é na melancolia ultra romântica que eu sinto a beleza da poesia nascer com mais intensidade.

QUAIS SÃO AS SUAS INFLUÊNCIAS LITERÁRIAS E NÃO-LITERÁRIAS?

Camille
: Na literatura, minhas influências poéticas são Florbela Espanca, Álvares de Azevedo, Lord Byron, Cruz e Sousa, Augusto dos Anjos, Junqueira Freire, Bocage, Antero de Quental. Na prosa, a influência vem de Louise May Alcott, J. K. Rowling, Oscar Wilde, Jack London, Mary Shelley, Walter Scott. E outras coisas me influenciam, como sentimentos, frases, nomes , músicas.

QUAL A RELAÇÃO ENTRE ARTES PLÁSTICAS E LITERATURA?

Camille: A arte tem uma ligação forte com a literatura e com a história da humanidade. A temática de alguns quadros, por exemplo, só se tornam mais compreensíveis quando se conhece a ligação literária que há com ele, como no caso da tela A morte de Sardanapalus, de Eugène Delacroix, que foi inspirada numa obra de Lord Byron. É impossível falar de arte sem citar a literatura, os movimentos que surgiram na Arte Moderna deixam isso bem claro.

QUAIS SÃO OS SEUS PROJETOS?

Camille: Me aprimorar como escritora e desenhista. Pretendo escrever um livro sobre lobisomens, e claro, ilustrá-lo.


O QUE VOCÊ PODE FALAR SOBRE O BLOG POESIA RETRÔ?

Camille
: O blog não ajuda apenas os escritores a divulgarem os seus trabalhos, mas também faz com que eles se tornem mais unidos, estabeleçam vínculos de amizade, proponham novas idéias, colaborem. Pra mim, está sendo um prazer conhecer outros escritores, poder ler e comentar seus textos, creio que todo escritor precisa dessa ‘’ bagagem’’.


E QUAL O TEXTO QUE VOCÊ MAIS GOSTA? OU O Q VC ESTÁ CURTINDO NO MOMENTO? UMA VEZ QUE NÓS ESCRITORES SOMOS MUITO CRÍTICOS E NÃO CONSEGUIMOS NOS DECIDIR....

Camille:
Esta é uma pergunta cruel para alguém perfeccionista como eu! (risos). Bom, por isso mesmo considero o meu poema ‘’ Perfeccionista’’ como um dos melhores já escrito. ‘’ Auto-retrato’’, ‘’Poesia Morta’’ e ‘’ Suicidal Dream’’ também admiro. Já os textos que estou curtindo no momento são ‘’Diálogo com um coveiro’’ e ‘’ Dark Sanctuary’’.

E QUAL O ESTILO MUSICAL OU ARTÍSTICO QUE MAIS SE RELACIONA OU EQUIVALE A SEUS TEXTOS?

Camille: Musicalmente, creio que o Gothic rock e o grunge se aproximam dos meus textos. Na arte, os meus textos se encaixariam no Expressionismo.

O QUE UM BOM POEMA GÓTICO PRECISA TER?

Camille: Um bom poema gótico precisa saber expressar a dor, a angústia da vida, os pensamentos sombrios valendo-se de um humor sinistro, egocêntrico, até um pouco narcisista - mas sem fazer clichês, é claro! Um poema gótico acaba saindo assim naturalmente, a gente escreve e só depois se dá conta (pelo menos comigo é assim...), porque quem aprendeu a ver a beleza na dor, na obscuridade, buscando o equilíbrio entre luz e trevas, compreende realmente o que é ser gótico, o que vai muito além desses estereótipos que a mídia impõe.

HÁ QUANTO TEMPO ESCREVE NO RL?

Camille: Escrevo desde o final de 2006, no entanto, por conflitos pessoais, refiz o meu perfil várias vezes.


QUAIS ESCRITORES DO SITE VOCÊ INDICA?

Camille:
Rommel Werneck, Katatonic, Lígia Laginha, Marúcia Herculano, Cretchu, Jacó Filho, Wancisco Franco, G. Rübinger, Suicide Cobain, Mister Adams.


QUAL TEXTO SEU VOCÊ INDICA?


Camille: ‘’Perfeccionista’’, ‘’ Suicidal Dream’’, ‘’Poesia Morta’’ e ‘’ Dark Sanctuary’’.

EU, Rommel Werneck, indico este : GÓTICO http://recantodasletras.uol.com.br/poesias/1575072


PANORAMA: A autora propõe uma retomada do estilo ultra-romântico.




TEXTOS DA ENTREVISTADA CAMILLE CLAUDEL:

http://recantodasletras.uol.com.br/autores/camilleclaudel


http://recantodasletras.uol.com.br/autores/rommelwerneck

POESIA RETRÔ, A POESIA DE SEMPRE

http://poesiaretroapoesiadesempre.blogspot.com/

TÓPICO DE ENTREVISTAS NO FÓRUM DO RECANTO DAS LETRAS

http://recantodasletras.uol.com.br/forum/index.php?topic=4713.30

Um comentário:

Anônimo disse...

CAMILLE
( para Camille Claudel)

Minha poesia chora o silêncio da sua ausência.
Ela é quase nada diante da sua essência
e dos amargos anos de paixão, solidão e loucura
(decrépita tecelã da vida) que só se vê,
quando a noite é muito escura.

Sua ferida incurável não tinha ponteiro
que indicasse o grau de seu desespero
e a trajetória do véu do fronteiriço.
Entre o abismo e o paraíso
ficou no fio de algum lugar.

Irremediável sua chaga,
ninguém defendeu sua causa.
Não havia remédio para essa úlcera.
Seu amante lhe esqueceu,
seus parentes lhe abandonaram.

Em seu exílio, gemia de dores e espasmos.
Engaiolaram seus vôos.
Mas impossível foi proibir-lhe
qualquer expressão maior
de arte e desejo.

Quando em sua arte me deleito,
desnudo talvez, o que preferia esconder.
Minhas mãos tateiam
a forma e a beleza de suas esculturas.
Exculpo seu corpo fraco e apagado
na precisão de uma estátua perfeita.

Minhas estátuas não são de mentiras.
Seu espírito está dentro delas.
Como posso compreender suas formas secretas,
e traduzir o sentido exato e oculto
dos seus pensamentos que criaram
a perfeição de cada estátua?

Mas, por momentos mágicos do tempo,
permaneço atenta aos gestos doces
que sua marreta pulverizou cada pedra;
que sua insânia expressou nas formas
do frio bronze de sua dor permanente.

Eternizada na dureza do mármore,
por você foi moldada com sabor de sangue.
Agora, congelada num interminável tempo,
seu relógio não volta a andar, minha irmã.

No entanto, percebo a cada manhã,
o ruído indiscreto do meu relógio a parar.
O mundo inteiro arde nesta tarde, Camille,
mas eu simplesmente prefiro,
contemplar sua arte que nutre meu espírito
e repercute no céu de minhas nuvens.

Pedras partidas...
em pó e cinzas consome-se a vida, querida.
Porém, com cuidado, recolho todos os cacos
e guardo-os no bolso do casaco,
à espera de outro tempo.

Regina Rousseau

REVIVALISMO LITERÁRIO


Poesia Retrô é um grupo de revivalismo literário fundado por Rommel Werneck e Gabriel Rübinger em março de 2009. São seus principais objetivos:

* Promoção de Revivalismo;

* O debate sadio sobre os tipos de versos: livres, polimétricos e isométricos, incluindo a propagação destes últimos;

* O estudo de clássicos e de autores da História, Teoria, Crítica e Criação Literária;

* Influenciar escritores e contribuir com material de apoio com informações sobre os assuntos citados acima;

* Catalogar, conhecer, escrever e difundir as várias formas fixas clássicas (soneto, ghazal, rondel, triolé etc) e contemporâneas (indriso, retranca, plêiade, etc.).