sábado, 26 de maio de 2012

PENÉLOPE

Os fios dos dias meus eu mesma cardo e urdo,
E teço o meu viver com muitos pontos, laços,
Bordando sem cessar todos os seus espaços,
Ainda que p’ra alguns tecer seja um absurdo.

Eu não me importo não, se escuto eu não me aturdo,
eu sigo o meu viver, tecendo os próprios passos,
E se preciso for desmancho, sim, refaço,
Neste fazer sem fim de meu destino surdo.

E faço sem cessar a minha tessitura,
teço co’a luz do sol, no breu da noite escura,
Sem nunca descansar ou demonstrar cansaço.

Coloco em meu tecer mil sedas de ternura,
Buscando conseguir a mais bela textura,
Mas se preciso for, teço com fios de aço!



2 comentários:

Inominado disse...

Bela é a inversão em Penélope , onde um símbolo normalmente de submissão e espera é transformado em um símbolo de superação e força , o final , a entrada do aço , também é notável , ressaltando a contraposição. Dialoga de modo interessante com o clássico , tudo isto somando-se a temática da estética , em um parelelo constante.

Edir Pina de Barros disse...

Foi esta, exatamente, a intenção! Inversão de sentidos

REVIVALISMO LITERÁRIO


Poesia Retrô é um grupo de revivalismo literário fundado por Rommel Werneck e Gabriel Rübinger em março de 2009. São seus principais objetivos:

* Promoção de Revivalismo;

* O debate sadio sobre os tipos de versos: livres, polimétricos e isométricos, incluindo a propagação destes últimos;

* O estudo de clássicos e de autores da História, Teoria, Crítica e Criação Literária;

* Influenciar escritores e contribuir com material de apoio com informações sobre os assuntos citados acima;

* Catalogar, conhecer, escrever e difundir as várias formas fixas clássicas (soneto, ghazal, rondel, triolé etc) e contemporâneas (indriso, retranca, plêiade, etc.).