"Não gosto, quando à noite, a chuva forte
Desmancha-se em airosa ventania
Uivando pelas frestas feito morte
Varando a madrugada em agonia."
Sergio Marcio
Vento Plangente
Escuta o melindroso e atroz lamento;
Deste vento que passa tão dolente.
Já viu ele, no mundo, dor demente;
E derrama aqui pranto sonolento.
Escuta o canto lúgubre do vento,
O réquiem tão constante, atro, plangente,
Lamentando p'ra todo ser vivente;
A morte deste mundo tão languento.
Com tristíssima e suave melodia,
Chora ele, com pesar assaz profundo,
Toda tristeza vil de cada dia.
Chora também o vento, como chora,
Junto às dores e mágoas deste mundo,
A morte que, em meu peito triste, mora.
Ivan Eugênio da Cunha
2 comentários:
O soneto é belíssimo. Cada palavra está em seu lugar, delicadamente colocada assim como o mecanismo de um relógio perfeito, em harmonia pura. O tema é incomum, e retira a melancolia e o lirismo de uma coisa corriqueira... Acho que tenho de repetir... O soneto é belíssimo!
Muito obrigado pelo comentário Gabriel.
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