ANJO MORTO
Só e perdido na mais negra necrópole,
Encostado na cruz de um vil sepulcro,
Revelando um sorriso puro e pulcro
No mais distante ponto da metrópole.
Anjo defunto, corpo cadavérico...
Carnes magras, sublime e santo rosto,
Em que o célere tempo deixou posto
Um grito morto, um canto forte e histérico.
Apetecido, surge ele tão vivo,
Pra eu cometer meu próximo delito.
Dragão que se aproxima tão lascivo,
E me deixa perdido em mais conflito,
E crava em mim seus dentes diabólicos,
E vê graça em meus olhos melancólicos!
Rommel Werneck
Pasta Anjo Morto - Fundação Biblioteca Nacional - 2008
Publicado no Recanto das Letras originalmente
Há um blog que não cita meu nome após o soneto.
4 comentários:
De todos os teus sonetos que conheço, pra mim este é o melhor! Abraços.
Esta é uma releitura por excelência. Também considero um dos melhores sonetos de sua autoria.
No momento, estou trabalhando em dois sonetos de 14 sílabas numa releitura parnasiana
Fico agradecido
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