terça-feira, 6 de julho de 2010

A Virgem de Jaci






Nas noites peroladas, uma Lua
ao subir no horizonte, branca e nua,
deitava do seu manto a claridade.
As belas moças virgens procurava
nas matas, o fulgor que branquejava
tornava a carne em luz de castidade.

Fosforescência nívea das estrelas
via brilhar. Jaci, querendo tê-las
nas telas tão diversas do infinito,
roubou-as. Uma virgem, tendo ouvido
a história, com o peito comovido,
fugiu, atrás do brilho irrestrito.

Uma névoa de sonho banha a tribo,
nem lhe sentem a falta; e sem estribo
vaga pelas colinas e montanhas.
Tentava em vão alçar até Jaci,
como se a luz perfeita do rubi
chamasse a descobrir novas façanhas.

E o soluço dos dias assim seguiam,
como se os olhos dela não a viam
e a madrugada, o pranto despejasse
num rio caudaloso, em meio as águas
que do sonho cerziu e se fez mágoas,
e no coração puro um duro impasse.

Certa noite a lagoa era um espelho
de prata a refletir Marte vermelho.
Qual pérola, Jaci, toda de branco
olhava com ternura maternal
sobre a lagoa. Ela, ao lavar o sal
Das lágrimas, achou-lhe o doce flanco.

Na imagem afogou seu sofrimento
e para sempre foi. Nesse momento,
apiedou Jaci, por tanto amor
que teve em seu anelo. Mas não quis
torná-la estrela para a noite gris,
quis lhe fazer a mais sublime flor.

E na floresta crespa de saudade
chorou-se sua perda em mocidade
ignorando a sorte que viria:
desenhada das mãos cheias da Lua
nas águas safirínicas flutua
 e um aguapé alvíssimo nascia.

Gabriel Rübinger e Vitor de Silva

Foto: Thiago Pinto Nogueira

REVIVALISMO LITERÁRIO


Poesia Retrô é um grupo de revivalismo literário fundado por Rommel Werneck e Gabriel Rübinger em março de 2009. São seus principais objetivos:

* Promoção de Revivalismo;

* O debate sadio sobre os tipos de versos: livres, polimétricos e isométricos, incluindo a propagação destes últimos;

* O estudo de clássicos e de autores da História, Teoria, Crítica e Criação Literária;

* Influenciar escritores e contribuir com material de apoio com informações sobre os assuntos citados acima;

* Catalogar, conhecer, escrever e difundir as várias formas fixas clássicas (soneto, ghazal, rondel, triolé etc) e contemporâneas (indriso, retranca, plêiade, etc.).