Manhã. Flores tremidas, gotejando
O orvalho frágil... O corpo seu jazia
Na cama. E delicada, ela dormia
Co'a luz do Sol no rosto atravessando...
As madeixas castanhas perfumando
O quarto... Estranha e doce calmaria.
A pele de marfim, branca, luzia,
E, bela, o meu olhar iluminando.
Os cílios fimbriando, as mãos pequenas,
E, ao suspirar, ingênuas açucenas
Na campa morna e pura vão surgindo...
Beijo-lhe a testa, suave e sincero.
E vou-me devagar, por que não quero
Que desperte o meu anjo ali dormindo!
Quadro:
Maxfield Parrish (1870-1966)
Sleeping Beauty
Oil on canvas, 1912
Private collection
Maxfield Parrish (1870-1966)
Sleeping Beauty
Oil on canvas, 1912
Private collection
2 comentários:
Continue assim em 2010 e sempre, um rapaz inteligente, artista e humilde no tratamento para com os outros. Perfect!
Soneto que demonstra um feeling poético avançado. A chave de ouro exemplifica isso, mantém a tensão do verso até o fim e se fecha silogisticamente num porcelanato digno de grandes do Romantismo pós Victor Hugo. O efeito sugestivo dá-nos a impressão de prospectar a cena por meio da a rica construção sensorial, concorrendo para o efeito as pausas abruptas, realimentadas na segurança do ritmo e coesão. Digno de aplausos.
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