Os sonetos foram escritos em tetrâmetros de anapestos (3a, 6a, 9a e 12a), o alexandrino em ritmo tenário. Foram escritos originalmente para a referida seleção, mas em breve constituirão um livro. Ortografia adotada: pré 1911.
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ELLES
A fazenda, o café, plantações de um engenho,
Um perfume do mal scintilava em nitrato,
Circular, curvilineo e global o formato
Das imagens ruraes, um extranho desenho...
Alphabeto de longe incompleto, inexacto,
Deciphral-o tentei em soffrivel empenho
E da torre enxerguei o tamanho ferrenho,
Colossal dimensão, o mysterio no mato...
Anoitesce... subtil, a esmeraldica ethnia
Do estrangeiro distante a que cada um dos gryphos
Do navio produz em moderna magia.
Temporadas atraz e que tempos aquelles!
Quem teria graphado os pagãos agroglyphos?
A resposta direi, mas assusta-nos: ELLES!
ETERNA ESCURIDÃO
Reduz o ardor da audácia matutina”
Carolina Ramos
Imperando brilhante o solar em alturas,
Na abstinencia excelente e brumal de nebula,
Em ciano o feliz firmamento acumulla
No matiz de piscina as turquesas escuras...
Em crateras de prata o luar congratula,
Os humanos com véu de noitadas futuras...
Em Apolo, Diana as penumbras impuras
Totalmente o recobre e letal ejacula...
Mas, a graça do Sol, totalmente de preto,
Finaliza em questão de certeiro minuto,
Retornando a manhã em cristal de amuleto...
Ao contrário do eclipse instantaneo e enxuto,
No trajeto que tenho ao luar, em duetlo,
Seguirei no negrume infinito do lucto!
AO CALOR DE
CHARONTE
Desmaiei... despertei no navio de um homem.
Que local? Que sombrio o covil no horizonte!
Ao redor, em lazúli, o riacho Acheronte
E desnudo, o rapaz nos contornos no abdomen...
Levantou-me gentil e, no meu desafronte,
Em primeira visão, em ardor, me consomem
As paixões, um amor, os sentidos que somem;
Desmaiei e, de novo, ao calor de Charonte!
Mas, Senhor se me falta a vos dar um centavo,
Um favor: aceitai a viril virgindade
Em amor de um defunto, um inútil escravo
Se aceitardes beijar, lambuzar o consorte,
Viverei no Acheronte em fiel lealdade
Ao calor de Charonte, á nevasca da Morte.
DE MARIA
NUNQUAM SATIS
Apparece em vitraes, em romances, em versos,
E em castelos, jardins, alfarrábios, cavernas,
Na leal Tradição e nas obras modernas,
Na fiel Tradução, a Vulgata em reversos...
Ressurgindo na aurora orações sempiternas,
Soberana em fulgor dos gerais universos,
Esmagando a minguante, a demônios perversos,
Normalmente em azul, em mantilhas supernas.
Às donzelas do véu do martirio vermelho,
Aos cruzados mortais na Santissima Guerra,
Um modelo exemplar, o bondoso conselho;
Mas ainda que muito appareça brilhante,
Coroada no Céo, coroada na Terra,
De Maria jamais se falou o bastante...
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