sábado, 19 de agosto de 2023

A PLÊIADE

 

 


    Um interessante fenômeno na virada do milênio é o surgimento de novas formas fixas. O que são formas fixas? São composições poéticas com regras preestabelecidas que foram ou serão celebradas assim no decorrer das décadas ou séculos. O soneto, por exemplo, é um tipo de poema que possui 14 versos isométricos distribuídos em duas quadras, dois tercetos e um padrão de rimas.

    Em 1999, o poeta americano Craig Tigerman, editor da Sol Magazine, criou uma forma poética chamada de pleiades, em homenagem a uma constelação das Plêiades, também conhecida como sete-estrelo em português ou Seven Sisters na língua inglesa. Certo é que são sete pontos brilhantes de luz e isto foi transcrito à poesia.

     Consiste em sete versos brancos e livres numa única estrofe (septilha) iniciados todos pela mesma letra que deverá iniciar também a única palavra do título. Vejamos um exemplo do seu criador:

 

MYTHING

 

Men who are from

Mars perhaps come

Masking insecurity by

Mything dreams in

Midas-power, touching

Much in hopes of gold, yet

Missing Venus' point.

 

Craig Tigerman, Moline, IL

 

 

   Erroneamente, o site All Poetry divulga que a obrigatoriedade de 6 sílabas poéticas em cada um dos versos, mas não observamos tal exigência na estrofe acima e nem nas outras obras do autor.

  Em português grafamos plêiade com acento circunflexo porque é uma proparoxítona e pode se referir tanto à constelação (quando usamos no plural e em inicial maiúscula) quanto ao substantivo coletivo de artistas e escritores. Daí, meu exemplo pessoal, em 2010:

 

 

PLÊIADES

 

Plêiades refulgem no azul Infinito...

Pelos saraus, serestas e academias

Pulsam loucamente declamando

Poesia: um êxtase dos deuses

Prosa: flores que formam romance

Poetas, prosadores, as plêiades todas, enfim,

Procuram algo mais prazeroso do que a Poética.

 

 

     Quem comprar na UICLAP a Antologia Versos Sombrios, organizada por Cinira Chollet encontrará 4 poemas meus: um soneto italiano, um soneto inglês e duas plêiades as quais destaco abaixo.

 

 

EXPIRANDO

 

 

Em lençóis, nas lágrimas marcando,

Esqueci o presente, o futuro

E me perdi em pesadelos do passado...

Eu vou lutar e seguir adiante,

Elegante, excelso, excelente,

Então, mas, agora, por enquanto, só um pouco,

Embalsamado, expirarei...

 

SORVENDO

 


Sim! Descobri nos teus lábios o veneno.

Semeei esperanças e ilusões.

Sonhei! Como estavas bela e dançávamos...

Sorri! O teu véu eu removi feliz...

Sorvi! Quanto sabor!

Suspirei acordado de manhã no quarto

Soluçando lágrimas branquíssimas sem fim...

 

É possível ver as plêiades já publicadas aqui no blog clicando no marcador PLÊIADES 

 

Rommel  Werneck


BIBLIOGRAFIA

  

FABRE, Mardilê Friederich. Plêiades: tu sabes o que é?, 2010. Disponível em https://www.recantodasletras.com.br/teorialiteraria/2101899 Acesso em 19.ago.2023

Forms. Sol Magazine, 1997-2006. Disponível em http://sol-magazine-projects.org/sol/poetryforms.htm#pleiades Acesso em 18.ago.2023

HOSTI, Bruno Pleffklen. Plêiades, as sete irmãs. Espaço-Tempo, 2022 https://www.espacotempo.com.br/pleiades-as-sete-irmas/ Acesso a 19.ago.2023

WERNECK, Rommel. Plêiades. Site de Rommel Werneck, 2012 https://rommelwerneck.com/visualizar.php?idt=3510900 Acesso a 19.ago.2023

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REVIVALISMO LITERÁRIO


Poesia Retrô é um grupo de revivalismo literário fundado por Rommel Werneck e Gabriel Rübinger em março de 2009. São seus principais objetivos:

* Promoção de Revivalismo;

* O debate sadio sobre os tipos de versos: livres, polimétricos e isométricos, incluindo a propagação destes últimos;

* O estudo de clássicos e de autores da História, Teoria, Crítica e Criação Literária;

* Influenciar escritores e contribuir com material de apoio com informações sobre os assuntos citados acima;

* Catalogar, conhecer, escrever e difundir as várias formas fixas clássicas (soneto, ghazal, rondel, triolé etc) e contemporâneas (indriso, retranca, plêiade, etc.).