Se Omnipotente, como desprezado?
Se rei, como de espinhos coroado?
Se forte, como estais enfraquecido?
Se luz, como a luz tendes perdida?
Se sol divino, como eclipsado?
Se Verbo, como é que estais calado?
Se vida, como estais amortecido?
Se Deus? estais como homem nessa Cruz?
Se homem? como dais a um ladrão,
Com tão grande poder, posse dos céus?
Ah, que sois Deus e Homem, bom Jesus!
Morrendo por Adão enquanto Adão,
E redimindo Adão enquanto Deus.
António da Fonseca Soares
(Frei António das Chagas)
CAÇA E CAÇADORA
"Se sois riqueza, como estais despido?
Se Omnipotente, como desprezado?
Se rei, como de espinhos coroado?
Se forte, como estais enfraquecido?"
António da Fonseca Soares,
(Frei António das Chagas)
Fénix Renascida, V
Se vós sois a Lua, como brilhais Sol?
Se filha de Júpiter, como sois virgem?
Se inocente, como em cervo nos transforma?
Formosa, porém caçadora voraz?
Deusa? Mas em ossos e carnes mulher?
Mulher? Mas vestida, entronizada deusa?
Ah! Diana, sois a graça da desgraça
Caça e Caçadora, Caçadora e Caça!
Rommel Werneck
NOTAS:
1- Inicialmente quis fazer um soneto, depois fiz o indriso, mas cheguei a pensar que como soneto ficaria melhor. Porém assim como indriso também está bom (céus, como sou indeciso!) porque a indefinição final, a falta de espaço e a própria dificuldade em escrever talvez reflitam o que vem a ser se referir a Diana.
2- Logicamente os versos finais deveriam alçar um "final", buscar uma explicação, uma conclusão acerca de Diana. Bem, isto até ocorre ("sois a graça das desgraças"), mas não há um desdobramento lógico do que é a "graça das desgraças", a única definição sobre o que se sente é a própria subjetividade numa repetição "Caça e Caçadora, Caçadora e Caça!" Talvez porque Diana seja mulher e deusa ao mesmo tempo e isso gere um certo conflito (influência cultista?)
3- Versos brancos novamente em hendecassílabos novamente para explorar o estudo de possibilidades, a experimentação = isométricos brancos em forma fixa! Versos livres são igualmente lícitos porque indriso é uma forma fixa que permite, todavia como existe uma atual aversão aos isométricos é bom usá-los.
4- A fotografia foi feita por mim. É uma estátua de Diana no Parque da Luz, em São Paulo. É interessante valorizar estátuas públicas.
3 comentários:
Belo!
Estás mergulhando no universo pagão... sua poesia está se alimentando bastante da cultura greco-romana...
Da qual nunca devíamos ter nos afastado. Foi o que disse seu amigo. S. Duque numa entrevista
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