segunda-feira, 23 de abril de 2012

Soneto Permutável (coroa de sonetos)

   Cada soneto  abaixo é obtido a partir do anterior fazendo a chave ser o primeiro verso. Foi uma experiência que fiz. A princípio só iria fazer os 14 primeiros sonetos, mas, por sugestão do poeta Marco Aurélio, fiz o soneto-base, completando a coroa.

1

Vagando pela terra em mor tristura,
Sem rumo, sem alento, sem dourado,
Arrastando correntes de amargura,
Meu fado já caminha desgraçado.

Cegado pela escura desventura,
Atado nas lembranças do passado,
Sem esperança e sem qualquer alvura,
Meu fado já se tem por costumado.

Coas tristezas que exalam da negrura,
Turvando-se em vapor atro e pesado,
Entregando-se todo à vil tortura,

Tendo cada alvo sonho maculado,
Na noite mais tristonha, mais escura,
Vejo a imagem mais clara de meu fado.

2

Vejo a imagem mais clara de meu fado;
Vagando pela terra em mor tristura,
Sem rumo, sem alento, sem dourado,
Arrastando correntes de amargura.

Meu fado já caminha desgraçado,
Cegado pela escura desventura,
Atado nas lembranças do passado,
Sem esperança e sem qualquer alvura.

Meu fado já se tem por costumado;
Coas tristezas que exalam da negrura,
Turvando-se em vapor atro e pesado,

Entregando-se todo à vil tortura,
Tendo cada alvo sonho maculado,
Na noite mais tristonha, mais escura.

3

Na noite mais tristonha, mais escura,
Vejo a imagem mais clara de meu fado;
Vagando pela terra em mor tristura;
Sem rumo, sem alento, sem dourado.

Arrastando correntes de amargura,
Meu fado já caminha desgraçado,
Cegado pela escura desventura,
Atado nas lembranças do passado.

Sem esperança e sem qualquer alvura,
Meu fado já se tem por costumado;
Coas tristezas que exalam da negrura,

Turvando-se em vapor atro e pesado,
Entregando-se todo à vil tortura,
Tendo cada alvo sonho maculado.

4

Tendo cada alvo sonho maculado,
Na noite mais tristonha, mais escura,
Vejo a imagem mais clara de meu fado;
Vagando pela terra em mor tristura.

Sem rumo, sem alento, sem dourado,
Arrastando correntes de amargura,
Meu fado já caminha desgraçado,
Cegado pela escura desventura.

Atado nas lembranças do passado,
Sem esperança e sem qualquer alvura,
Meu fado já se tem por costumado;

Coas tristezas que exalam da negrura,
Turvando-se em vapor atro e pesado,
Entregando-se todo à vil tortura.

5

Entregando-se todo à vil tortura,
Tendo cada alvo sonho maculado,
Na noite mais tristonha, mais escura,
Vejo a imagem mais clara de meu fado.

Vagando pela terra em mor tristura,
Sem rumo, sem alento, sem dourado,
Arrastando correntes de amargura,
Meu fado já caminha desgraçado.

Cegado pela escura desventura,
Atado nas lembranças do passado,
Sem esperança e sem qualquer alvura,

Meu fado já se tem por costumado;
Coas tristezas que exalam da negrura,
Turvado-se em vapor atro e pesado.

6

Turvando-se em vapor atro e pesado,
Entregando-se todo à vil tortura,
Tendo cada alvo sonho maculado,
Na noite mais tristonha, mais escura,

Vejo a imagem mais clara de meu fado,
Vagando pela terra em mor tristura,
Sem rumo, sem alento, sem dourado,
Arrastando correntes de amargura.

Meu fado já caminha desgraçado,
Cegado pela escura desventura,
Atado nas lembranças do passado.

Sem esperança e sem qualquer alvura,
Meu fado já se tem por costumado;
Coas tristezas que exalam da negrura.

7

Coas tristezas que exalam da negrura,
Turvando-se em vapor atro e pesado,
Entregando-se todo à vil tortura,
Tendo cada alvo sonho maculado,

Na noite mais tristonha, mais escura,
Vejo a imagem mais clara de meu fado:
Vagando pela terra em mor tristura,
Sem rumo, sem alento, sem dourado.

Arrastando correntes de amargura,
Meu fado já caminha desgraçado,
Cegado pela escura desventura.

Atado nas lembranças do passado,
Sem esperança e sem qualquer alvura,
Meu fado já se tem por costumado.

8

Meu fado já se tem por costumado;
Coas tristezas que exalam da negrura,
Turvando-se em vapor atro e pesado,
Entregando-se todo à vil tortura.

Tendo cada alvo sonho maculado,
Na noite mais tristonha, mais escura,
Vejo a imagem mais clara de meu fado;
Vagando pela terra em mor tristura.

Sem rumo, sem alento, sem dourado,
Arrastando correntes de amargura,
Meu fado já caminha desgraçado:

Cegado pela escura desventura,
Atado nas lembranças do passado,
Sem esperança e sem qualquer alvura.

9

Sem esperança e sem qualquer alvura,
Meu fado já se tem por costumado;
Coas tristezas que exalam da negrura,
Turvando-se em vapor atro e pesado.

Entregando-se todo à vil tortura,
Tendo cada alvo sonho maculado,
Na noite mais tristonha, mais escura,
Vejo a imagem mais clara de meu fado.

Vagando pela terra em mor tristura,
Sem rumo, sem alento, sem dourado,
Arrastando correntes de amargura,

Meu fado já caminha desgraçado,
Cegado pela escura desventura,
Atado nas lembranças do passado.

10

Atado nas lembranças do passado,
Sem esperança e sem qualquer alvura,
Meu fado já se tem por costumado;
Coas tristezas que exalam da negrura,

Turvando-se em vapor atro e pesado,
Entregando-se todo à vil tortura,
Tendo cada alvo sonho maculado,
Na noite mais tristonha, mais escura.

Vejo a imagem mais clara de meu fado;
Vagando pela terra em mor tristura,
Sem rumo, sem alento, sem dourado.

Arrastando correntes de amargura,
Meu fado já caminha desgraçado;
Cegado pela escura desventura.

11

Cegado pela escura desventura,
Atado nas lembranças do passado,
Sem esperança e sem qualquer alvura,
Meu fado já se tem por costumado;

Coas tristezas que exalam da negrura,
Turvando-se em vapor atro e pesado,
Entregando-se todo à vil tortura,
Tendo cada alvo sonho maculado.

Na noite mais tristonha, mais escura,
Vejo a imagem mais clara de meu fado;
Vagando pela terra em mor tristura.

Sem rumo, sem alento, sem dourado,
Arrastando correntes de amargura,
Meu fado já caminha desgraçado.

12

Meu fado já caminha desgraçado,
Cegado pela escura desventura,
Atado nas lembranças do passado,
Sem esperança e sem qualquer alvura.

Meu fado já se tem por costumado;
Coas tristezas que exalam da negrura,
Turvando-se em vapor atro e pesado,
Entregando-se todo à vil tortura.

Tendo cada alvo sonho maculado,
Na noite mais tristonha, mais escura,
Vejo a imagem mais clara de meu fado;

Vagando pela terra em mor tristura,
Sem rumo, sem alento, sem dourado,
Arrastando correntes de amargura.

13

Arrastando correntes de amargura,
Meu fado já caminha desgraçado,
Cegado pela escura desventura,
Atado nas lembranças do passado.

Sem esperança e sem qualquer alvura,
Meu fado já se tem por costumado;
Coas tristezas que exalam da negrura,
Turvando-se em vapor atro e pesado.

Entregando-se todo à vil tortura,
Tendo cada alvo sonho maculado,
Na noite mais tristonha, mais escura,

Vejo a imagem mais clara de meu fado;
Vagando pela terra em mor tristura,
Sem rumo, sem alento, sem dourado.

14

Sem rumo, sem alento, sem dourado,
Arrastando correntes de amargura,
Meu fado já caminha desgraçado,
Cegado pela escura desventura.

Atado nas lembranças do passado,
Sem esperança e sem qualquer alvura,
Meu fado já se tem por costumado;
Coas tristezas que exalam da negrura.

Turvando-se em vapor atro e pesado,
Entregando-se todo à vil tortura,
Tendo cada alvo sonho maculado,

Na noite mais tristonha, mais escura,
Vejo a imagem mais clara de meu fado;
Vagando pela terra em mor tristura.

Soneto-base

 

Vejo a imagem mais clara de meu fado,
Na noite mais tristonha, mais escura,
Tendo cada alvo sonho maculado,
Entregando-se todo à vil tortura.

Turvando-se em vapor atro e pesado,
Coas tristezas que exalam da negrura,
Meu fado já se tem por costumado,
Sem esperança e sem qualquer alvura.

Atado nas lembranças do passado,
Cegado pela escura desventura,
Meu fado já caminha desgraçado,

Arrastando correntes de amargura,
Sem rumo, sem alento, sem dourado,
Vagando pela terra em mor tristura.

Ivan Eugênio da Cunha


2 comentários:

Febo Vitoriano disse...

É com extrema honra que o grupo e eu vemos esse trabalho. Ivan, com certeza, sua primeira coroa de sonetos (e primeira também do grupo) há de ser digna de nosso e-book

Gabriel Rübinger disse...

Fico sem palavras. É grandioso! É sublime...

REVIVALISMO LITERÁRIO


Poesia Retrô é um grupo de revivalismo literário fundado por Rommel Werneck e Gabriel Rübinger em março de 2009. São seus principais objetivos:

* Promoção de Revivalismo;

* O debate sadio sobre os tipos de versos: livres, polimétricos e isométricos, incluindo a propagação destes últimos;

* O estudo de clássicos e de autores da História, Teoria, Crítica e Criação Literária;

* Influenciar escritores e contribuir com material de apoio com informações sobre os assuntos citados acima;

* Catalogar, conhecer, escrever e difundir as várias formas fixas clássicas (soneto, ghazal, rondel, triolé etc) e contemporâneas (indriso, retranca, plêiade, etc.).