Teus pés são serafins que dançam nos compassos
Da orquestra das paixões, dos sonhos, dos abraços
Que ressoa no céu, de azul peninsular,
Cuja brilhante luz imita o teu olhar.
Nem telas de um Boucher, ou versos de um Oreste
Conseguem descrever o teu olhar celeste
E da boca o rubor, tão doce quanto frágil,
Supera até o pincel do mestre Caravaggio!
Por que, belle petite, este fulgor tristonho
Que vejo em teu olhar, na rua ou mesmo em sonho
Se és deste mundo a mais estonteante flor,
A musa pela qual suspira o infante Amor?
Quem a ti não compôs os mais sublimes versos –
Por ti a escrevinhar os cantos mais diversos –
E quem nunca, por vez, numa vertigem louca,
Beijando uma mulher – fingiu beijar-te a boca?
Filha da mãe do Amor, por que tu ainda insistes
Em sozinha ficar nas tuas horas tristes
Sem ter nem o prazer, nem mesmo a companhia
Dos afagos febris, tão cheios de poesia
Que dão-te, à morna luz das solidões secretas,
Os árduos corações de amorosos poetas
Que deliram por ti, vivendo em torno a ti
Tal como ao girassol o doce colibri?
Ao menos dispersai, do teu belo semblante,
As nuvens de amargor, e põe-te radiante
Como merece estar, com olhos mui serenos,
Tua imagem fiel da própria deusa Vênus,
Que tanto me inspirou, ó milagre divino, Este humilde louvor de verso alexandrino! Horácio Cândido
Paulo Lucas Fares
Recife – PE
Endereço do instagram: https://www.instagram.com/paulolucasfares/
Nascido em 25 de fevereiro de 1999, Paulo Lucas Fares é filho de uma professora de literatura e um apaixonado pela arte da escrita. Atualmente cursa Letras na Universidade Federal de Pernambuco e escreve para revistas digitais e antologias.
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