Eu quero deslizar sobre o teu corpo inteiro
manhosa e devagar, suave qual serpente,
tanger a tua tez com minha boca ardente,
sentindo o seu olor, sorvendo o doce cheiro.
Sentir o corpo teu
juntinho ao meu, fremente,
a tremular em mim, qual chama d’um isqueiro,
como se eu fora, enfim, o teu amor primeiro,
entregue, sem pudor, e até mesmo indecente.
Serpente a te enlaçar, a te envolver em teias
tecidas pelo amor que não conhece o pejo
e não pretende ser pudico ou inocente...
E destilar em ti, jorrar em tuas veias,
todo o veneno meu - o meu voraz desejo –
que ferve dentro em mim feito um vulcão silente.
4 comentários:
Assume a imagem da serpente , diria de repercussões da queda bíblica , criando esta visitação do antigo , onde encontra superação e aceitação com um quê de beleza que apraz , conforme havia comentado em Penélope. Tenaz relação Fogo/ Veneno/ Desejo neste sentido supracitado , também agradando a imagem da violencia aplicada ao amor , união clássica e bela ( Marte e Vênus , Lucrécio) e moderna ( Sade , Freud ), esta é somente uma leitura , porém o maior motivo de agradecimento é por ter servido de inspiração , apesar de não possuir relações diretas , tratando mais das sinestesias e de outras sensações , segue , pois , se apraz:
O ENCANTADOR DE SERPENTES
A flauta sua suaves gotas musicais
Os incensos iluminam o ambiente
Bebidas geladas perfumam ferventes
Jardins de delicias ,vá , pega os sais.
Peles de nuvens de calores infernais,
rosáceo lirio , pilar mole , rijos tendões
Erupções de raios , nevascas de trovões
Um harém chamado desejo , nada mais.
Um tempo rubatto , místico , em estranha escala
Suma sinestesia , ver a realidade em um só bloco
A noite trescala e uma banheira quente a cala.
Luzes e paredes de mil cores , não há foco
As cores , efeitos dos licores , pestico na sala,
cambaleante , sou a serpente e a música toco.
Que bom haver inspirado em ti ao belo poema! Muito bom transmutar sinestesias em tão belo versos! Grata Inonimado!
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