
Em mil espelhos fui buscar as minhas faces
As vãs quimeras que um dia hei sonhado,
mas nada vi além do tempo já passado,
e as marcas suas, tão profundas, tão voraces.
Nada restou daqueles tempos tão fugaces,
E em cada face vi de mim o outro lado,
Amante, mãe, mulher, amiga em cada fado,
Seus tons mais frágeis, mais mesquinhos, mais audaces.
Uma feliz, tristonha outra, outra pura,
Uma pudica, outra santa e a pecadora,
Mas cada qual guardando em si outra secreta.
Mas todas elas são libertas da clausura,
Quando se impõe co’s versos seus a trovadora,
Aquela que, além de tudo, é poeta.
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