Uma lua branca na noite negra,
A se erguer neste pasmado painel.
Só as coisas estão a minha volta,
A terra é o inferno que chamam de céu.
Sozinho eu bebo o meu verde absinto.
Mentira é dizer que eu não minto,
Já a imaginar enormes torres de ferro,
Escrevo como quem tem febre.
Em cima da mesa está o preto tinteiro,
E a janela está aberta para a rua.
Em sonhos bêbados vejo uma virgem nua,
E ela corre entre os coqueiros.
Sou bebedor de absinto há tempos,
Há tempos a minha lira só sabe delírios,
Como quem vê as cores nos ventos,
Ou como quem come uma flor de lírio.
ALVES ROSA
3 comentários:
Bem-vindo ao time!
Maravilhoso.
Belo poema!
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