terça-feira, 7 de abril de 2009

Cavaleiro Noturno

Comunidade Poesia Retrô:
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Luna mihi tremulum praebebat lumen eunti. (Ovídio, Heróides; 18.61)

I

sou um cavaleiro bardo
da aurora medieval.
num tropel vivo ofegante,
atiro flechas no mal.

minha espada de metal
sobre a minha armadura
esconde atrás do camal
meu penar na vida escura.

sou cavaleiro sombrio,
luz no meio do umbral.
minha vida é um rio
de amargo pranto de sal.

sou espadachim colossal,
do céu negro dos dragões.
pela vida trivial
peno as expiações.

pela vida trivial,
alvejo nos corações.


II

entre luzes de cristal
de um bosque enluarado
sinto o aroma do citral
no orvalho recém molhado.

sinto o ar paralisado.

aberto ao etereal,
pujante, claro e suspenso.
sou lume dum castiçal
no meio do céu imenso.

denso, penso e repenso.

se mistura com o verde do prado
um branco de alvor papal.
e me deixa quase alado
um fino cheiro floral.

sinto o ar paralisado.

aceso em meu coração,
um floral brâmane incenso.
foi meu amor, a canção
que mais tira o meu senso.

denso, penso e repenso...


III

minha espada foi forjada
sem ferro ou galvanização.

minha espada é uma toada
vinda do meu coração.

flechas no meu coração.

minha espada é minha amada
minha doce inspiração.

minha espada é golpeada
sempre no meu coração.

flechas no meu coração.

minha espada são palavras
pobres, fúteis e sutis.

são versos jogados pra sempre
perdidos num quadro de giz.

minha espada, mil fuzis.

minha espada é minha alma
minha força geratriz.

e me assassina, calma,
não deixando cicatriz.

minha espada, mil fuzis.


IV

da vida do mundo, mundano,
penando trafego infeliz.
defendendo o pobre humilde,
que é passivo e feliz.

mas que só vê seu nariz.

perdido no mundo que gira
no espaço trafego vagando.
matarei o ódio das almas,
apenas amando, amando.

o amor é fogo brando.

V

como pode algum ser viver
alegre sem mesmo amar? ou
roubar do luar sem sofrer
o prazer de se apaixonar?

largado no olhar pode-se ver
incrustado o brilho, sem amor?
no mirar com afável prazer
ao amar evolve abrasador.

já diziam os sábios antigos
que os caminhos levam a Roma.
e que quem vence os inimigos
os seus medos e anseios doma.

e os mesmos diziam em linhos
que o que nos move é o amor.
e que leva a todos os caminhos
como a Roma de um escritor.

ROMA, és meu AMOR.

VI

Trago recados de longe
mais longe que o fim do mar.
Trafego na hora sombria
quando o mundo vai deitar.

(todos vão me ver um dia,
ninguém pode evitar.)

Sou eu que trago as mensagens,
do alto do céu de lá.
Vou calando as paisagens
antes que a vida se vá.

(sou grande como os selvagens
troncos de um jequitibá)

Sou bardo, arqueiro e escriba
mensagem subliminar.

VII

ai! distância das estrelas!
miríade fera que fere a mim!
que venham de mim os portais
para as flores de jasmim.

saiba que a mais linda flor
dos jardins de todo mundo
é o olhar do meu amor
doce poço mais profundo.
o poço onde eu afogo,
e afago todo o segundo.

ai miríade de estrelas!

separam-nos muitos quilômetros
da estrada vereda comprida.
mas a união é tão grande
que a vida já está vencida.
finda já está a batalha
só por ver minha querida.

conheço amantes unidos
que, juntos, estão separados.
não dão valor porque tem-se
facilmente encontrados.
tudo o que tenho na vida
foram de dias suados...

ai miríade de estrelas!

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REVIVALISMO LITERÁRIO


Poesia Retrô é um grupo de revivalismo literário fundado por Rommel Werneck e Gabriel Rübinger em março de 2009. São seus principais objetivos:

* Promoção de Revivalismo;

* O debate sadio sobre os tipos de versos: livres, polimétricos e isométricos, incluindo a propagação destes últimos;

* O estudo de clássicos e de autores da História, Teoria, Crítica e Criação Literária;

* Influenciar escritores e contribuir com material de apoio com informações sobre os assuntos citados acima;

* Catalogar, conhecer, escrever e difundir as várias formas fixas clássicas (soneto, ghazal, rondel, triolé etc) e contemporâneas (indriso, retranca, plêiade, etc.).